A miséria dos heróis

A miséria dos heróis

No dia 29 de Maio de 1947 o então renomado psiquiatra do Judiciário de Nova York Frederick Wertham lançou um artigo chamado “A Psicopatologia das Histórias em Quadrinhos” alegando o poder nocivo das HQ’s na mente dos leitores americanos gerando um grande estrondo na época.

Werthan alertou que a maioria dos jovens delinquentes de NY era formada por leitores assíduos de histórias em quadrinhos e desenvolveu várias argumentações pesadas contra os títulos da época, entre eles Super Homem e Batman. E no fim desse mesmo ano a mídia Americana já noticiava a queima de gibis em várias cidades do interior, a indústria estava se despedaçando.

Em 54 Wertham dá mais um golpe com o livro “A Sedução dos Inocentes” obra que repercutiu no congresso Americano que exigiu um “código de ética” das editoras (Comics Code Act). Wertham conseguiu o que tanto almejava, censura.

Logo então aparece um jovem roteirista chamado Stanley Martin Lieber de uma pequena editora chamada Marvel que tinha em seu portfólio personagens problemáticos e miseravelmente humanos que contrariavam os paladinos dominantes da época de ouro da DC, os até então invencíveis heróis da Liga da Justiça.

Stan Lee foi um combatente implacável do Comics Code Act alegando que criava heróis que as pessoas se identificavam, não eram os seus  super poderes mas sim as suas responsabilidades e problemas que tornavam suas criações admiráveis. Seu maior sucesso conta a história de um jovem pobre do subúrbio de Nova York que trabalha como fotógrafo free lancer para pagar o seu aluguel e faculdade, personagem que atravessa diversos problemas existências, familiares e financeiros.

No comando da Marvel e com a ajuda de Jack Kirby, Stan Lee criou um universo inédito de heróis melancólicos e humanos. Esses elementos reunidos e muita criatividade fizeram as vendas da Marvel dispararem e logo então o Comics Code Act começou a cair em desuso. Curiosamente esse selo existe até hoje mas não interfere no processo criativo de nenhum editor, isso nunca mais aconteceu.

A maior lição que tirei de todos os personagens e histórias narradas por Stan Lee é questão de sempre nos assumirmos como somos. “Mutante e Orgulhoso” era o que a Mística gritava para o Fera em diversas narrativas dos X Men. Peter Parker largou sua máscara em inúmeras ocasiões “Spider Man No More“, porém o Aranha sempre retornava mais forte, mais rápido, mais consciente e cheio de si.

Somos falhos, somos miseráveis, mas ainda sim podemos fazer algo de extraordinário por nós mesmos e pelos outros. Esse é o conceito de herói que os quadrinhos de Stan Lee me ensinaram.

Tiago Xisto4 Posts

Publicitário, profissional de marketing digital e estudante de MBA em Gestão de Projetos. Também é fundador do site sobre games <a href="http://gamerset.co/">Gamerset</a>.

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