É preciso saber pensar por si próprio

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A conformidade pode ser vista como uma condição de estar conforme, ou seja, de estar de acordo com o que lhe é previsto mediante certos grupos. Quando perguntamos se alguém segue suas próprias opiniões ou se segue a opinião de um determinado grupo, é comum que a resposta seja referente à primeira opção, onde a pessoa afirma seguir suas próprias convicções. Mas será que na prática é isto mesmo que ocorre?

Às vezes seguimos comportamentos que diferem de nossas convicções mas nos convencemos que estão de acordo com elas apenas para podermos nos sentir incluídos.

Muitos estudos foram feitos à respeitos da pressão social influenciando os comportamentos dos indivíduos. Seus resultados demonstram que existem indícios do poder de influência que os grupos exercem sobre as pessoas, demonstrando ainda que o desejo de pertencer a um ambiente pode fazer com que uma pessoa abra mão de suas opiniões, crenças e convicções.

Em um experimento social, um grupo de pessoas deveria responder uma simples questão: Qual linha do quadro dois, que continha três linhas horizontais sendo elas A, B e C, era igual a linha do quadro um.

A linha idêntica ao do quando um era a C, sendo esta a resposta correta.

O grupo fez uma fila e foi respondendo um de cada vez, onde todos ouviam as respostas. Todos foram instruídos à responder erroneamente, escolhendo a letra A, exceto o último da fila que era quem realmente estava participando deste experimento.

A letra C era claramente a resposta correta, porém, ao ver que todo o restante do grupo escolhia a reposta errada, a maioria dos participantes verdadeiros do experimento preferiam seguir o grupo e escolhiam a resposta errada de propósito, para não contrariar o grupo. O experimento era repetido três vezes, sendo que nas duas primeiras vezes alguns participantes até escolhiam as respostas certas, mas em sua maioria, na terceira vez eles escolhia a resposta errada para ficar de acordo com o grupo. Os participantes, ao verem o restante do grupo escolhendo a resposta errada, faziam o mesmo duvidando de suas crenças e até de sua visão.

Pensar por si mesmo

Outro experimento semelhante consistia em um grupo de pessoas em uma sala de espera de consultório médico. Todos que estavam na sala de espera eram ajudantes do experimento enquanto o participante real do grupo entrava depois. Neste consultório tocava um sinal e todas as pessoas que estavam presentes (os ajudantes do experimento) levantam de suas cadeiras e sentavam novamente nelas sem nenhum motivo aparente, apenas porque tocou a sirene. O que vocês acham que o participante real do experimento fez? Ele, com o tempo, começou a levantar também junto com os outros ao ouvir a sirene, sem saber o porquê. Aos poucos, os ajudantes do experimento iam saindo da sala e no final ficou apenas o verdadeiro participante do experimento, que, mesmo sozinho na sala, continuou levantando quando a sirene tocava.

Quais as conclusões podemos tirar de tudo isso? Podemos pensar que as pessoas tem a necessidade de estar integrada e interagirem com um grupo e que, para isto, sentem a necessidade de realizar as tarefas do grupo para se sentirem integradas. Esses comportamentos de participação em grupo podem ser benéficos, pois serviram para a evolução e procriação de nossa espécie. Mas, por outro lado, pode ser maléfico, pois somos capazes de realizar comportamentos que podem ser negativos em nossas vidas apenas para continuarmos tendo o sentimento de participação de um grupo.

O ambiente em que vivemos modela o nosso modo de viver e nossas atitudes, mas o importante é que podemos escolher o ambiente em que iremos viver, que pode ser diferente do ambiente do qual vivemos ou nascemos (que chamamos de ambiente imposto).

O importante de entendermos sobre esses experimentos é para que se torne mais fácil perceber quais comportamentos nós temos que são realmente feitos por escolhas próprias e quais são os que fazemos apenas por pressão social, para fazermos parte de um grupo. Ao entendermos isto, podemos então perceber quais desses comportamentos são disfuncionais e nos trazem questões negativas para podermos modificá-los. Questionar o grupo é uma forma de manter-se fiel e verdadeiro para consigo mesmo, podendo levar, dependendo dos comportamentos, à uma vida mais saudável.

O pertencimento ao grupo, ou a vontade de, acontece naturalmente. Porém, ao compreendermos e refletirmos sobre isto, podemos tornar nossas vidas mais funcionais com pensamentos e comportamentos mais autênticos.

Leonardo546 Posts

É psicólogo e redator de conteúdos. Escreve, reflete e pesquisa sobre os mais variados temas. Não considera a escrita como trabalho, mas uma necessidade da alma.

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