Vale a pena ouvir: Cícero
A MPB é um estilo que se renova a cada geração, (quase) sempre aproveitando o que as anteriores tinham de melhor, apesar de muitos extremistas considerarem a música brasileira já morta em vários aspectos. E o trabalho que o carioca Cícero Lins, 29 anos, vem realizando desde 2011 com o grande sucesso de seu álbum de estreia “Canções de Apartamento” é mais do que uma prova de que a MPB não só está viva, como sabe se renovar em um tempo onde o pop predomina não só no país, mas no mundo inteiro.
E ele vai mais além: quem disse que você precisa fugir do pop para ter um trabalho de qualidade, mesmo no meio mais cultuado da música? Com suas origens no rock com a banda Alice, Cícero sabe abraçar o estilo quando lhe convém, sem medo de ousar, mas também já provou que também sabe ser introspectivo e minimalista sem perder sua identidade, com o seu segundo trabalho, “Sábado”, de 2013.
Um dos propulsores da chamada nova MPB, Cícero busca sua originalidade através de letras que deixam transparecem o sentimento, combinada com a melodia de suas músicas, trazendo uma sensação de leveza e reflexão como em “Açúcar ou adoçante?”, de seu álbum de estreia. Porém, a angústia também é passada de uma forma bela. Principalmente em seu segundo álbum, que, segundo o próprio artista, serviu como um contraponto de seu primeiro trabalho, para fugir da pressão que a crítica coloca em cima daquela chamada “prova de fogo”, na qual o artista deve, na teoria, provar que consegue manter a qualidade do que impulsionou sua carreira. Cícero fez diferente, preferiu mudar o rumo de suas canções. Não como uma prova, mas sim como um polo no outro extremo de sua musicalidade. Talvez por essa falta de “pop” e o seu lado mais escuro, “Sábado” não tenha agradado tanto os fãs como “Canções de Apartamento”.
Também por isso o recém lançado “A Praia” (2015, independente), tem sido apontado como seu melhor trabalho até o momento. Não é a euforia de um disco de estreia para uma nova cara da MPB, muito menos uma prova do que o artista pode fazer. É apenas Cícero expelindo sua musicalidade da melhor forma que sabe fazer. Visto por muitos como uma mistura perfeita entre os dois primeiros álbuns do cantos, “A Praia” contém elementos novos também, inclusive com novas participações como em “Cecília e a Máquina”, cantada inteiramente por Luiza Mayall e com uma longa introdução de piano, é a primeira canção do artista que sua voz não aparece.
Ideal escutar para quem gosta de refletir sobre questões do dia-a-dia contemporâneo, onde os apartamentos se tornam nossos confidentes, os sábados os nossos momentos de maior euforia (e por que não, de agonia?) na semana, e a praia um refúgio para o caos da cidade grande.
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