O publicitário Vinnícius Vespoli é apaixonado por arte urbana, principalmente grafite e faz arte sem ter nunca se arriscado com uma lata de spray na mão. Vespoli encontrou sua maneira de fazer arte, uma arte acessível à todos, basta ter um uma câmera fotográfica e interagir com um grafite de sua cidade. Está criada assim uma ideia simples, o projeto @grafeatpeople.

O @grafeatpeople convoca cada cidadão a olhar as artes ao seu redor e raciocinar de maneira criativa: como interagir? No instagram do projeto é possível ver as interações do próprio criador e de pessoas pelo mundo que enviam suas fotos marcando a tag #grafeat.

“Esse novo olhar sobre o grafite, em que você faz parte dele, é uma forma lúdica de aproximar e conectar as pessoas comuns, que já gostam de fotografar esse tipo de arte, com o espaço urbano, as obras e principalmente com os artistas. E é por isso que a intenção do projeto é que qualquer um possa participar”, diz Vinnícius Vespoli.

Trocamos uma ideia exclusiva com “Vinni” sobre o @grafeatpeople, confira:

Como surgiu o nome @grafeatpeople?
“Precisava ser algo que entregasse de primeira o que era a ideia. Que falasse de grafite e também de interação. “Feat.”é uma abreviação da palavra em inglês “featuring”, que significa “com a participação de”. O @grafeatpeople, ou Graffiti feat. People é um espaço no instagram que convida as pessoas a não só contemplarem o grafite, mas também a, literalmente, participarem dele. É Graffiti feat. People, feat. Eu, feat. Você.”

Encontrei um grafite irado na rua, de que forma posso interagir com ele?
São inúmeras, depende da criatividade. A interação pode ser do tipo mais simples, quando você imita um gesto de algum personagem que está grafitado, e até das mais complexas, nas quais se cria uma cena que só faz sentido de acordo com a relação entre o que está na parede e a ação de quem está sendo fotografado. Fotos com objetos, grupos de pessoas e até montagem com Photoshop são possíveis interações. O que importa é a ideia, a perspectiva de quem interage com o grafite.

Você está baseado em São Paulo, existem hot spots de grafites na capital paulista?
Quando pensamos nos melhores pontos para apreciar o grafite paulistano, a primeira resposta que temos é o Beco do Batman. É um lugar que reúne trabalhos dos melhores artistas da cena do grafite brasileiro e até mundial. Com certeza dá pra rolar muitas interações com os muros de lá, e em todo o bairro da Vila Madalena. Mas além desse, há outros lugares onde o grafite também tomou conta das paredes. É o caso do Museu Aberto de Arte Urbana, na Zona Norte de São Paulo (Avenida Cruzeiro do Sul), ou da Galeria a Céu Aberto, na periférica Zona Leste (Vila Flávia, em São Mateus). Vale citar também os murais na Avenida 23 de Maio que, apesar de não ser o lugar mais seguro para se fotografar, tendo em vista que fica encostado em uma das avenidas mais movimentadas da cidade, são uma seleção incrível de grafites criados por mais de 450 artistas.

E pelo Brasil/Mundo, quais são os hot spots?
São Paulo é, em termos de Brasil, a cidade com melhor acesso à arte urbana. Há outras cidades também mundialmente conhecidas pelos seus incríveis grafites, como Nova York e Londres. O grafite na américa latina também vem se destacando, principalmente pelo seu conteúdo crítico sobre política e cultura. É o caso de Buenos Aires (nos bairros de Palermo e Chacarita, por exemplo) e Bogotá, na Colômbia. Sendo ainda mais específico, posso citar a “Wynwood Walls”, em Miami e a “East Side Gallery”, em Berlim.

Saindo de São Paulo, qual será sua próxima parada com o @grafeatpeople?
Viajar já é bom e viajar pra ir atrás de algo que você se identifica e acredita é melhor ainda. Pretendo visitar muitos grafites espalhados pelo mundo. Nesse quesito. tenho muita vontade de conhecer Nova York e Berlim. Mas agora, daqui a um mês estou indo fazer um mochilão. Então podem esperar que em breve teremos interações com grafites bolivianos e peruanos.

Quais são os grandes artistas brasileiros e globais mais irados para interagir com seus grafites?
?São muitos bons artistas no Brasil, mas eu daria destaque aqui para Marina Zumi @marinazumi, Ignoto @ignotograffiti e Daniel Boleta @boletabike. É claro que algum dia ainda pretendo interagir com alguma obra do Banksy.

Você imagina estas interações do @grafeatpeople como um movimento global?
Eu imagino sim, porque o grafite já é um patrimônio global. Novos artistas surgem a todo momento, no mundo todo. E sempre vai ter um grande público que se interessa e consome esse tipo de arte, em qualquer lugar do planeta. Até por isso o projeto tem um nome que pode ser compreendido globalmente.

Existem perfis no Instagram sobre grafite que dão dicas de onde estão as melhores artes para interação?
Existem alguns que eu sigo e uso para ter insights de como posso interagir com os próximos grafites. Tem o @sampagraffiti e o @grafitemadalena, por exemplo. Há também bons perfis globais que servem de inspiração: @graffiti_clicks e @streetartanarchy. Ainda fora do Instagram há um site incrível e colaborativo que reúne diversas obras de acordo com os artistas ou com o local em que estão em São Paulo. É o www.streetartsp.com.br

Seu projeto motiva as pessoas a interagirem com os grafites, o que você acha de grafites que interagem com o espaço onde estão?
Eu acho sensacional. Trabalho há mais de 3 anos em uma agência que tem o marketing de guerrilha como essência, então admiro e me identifico muito com todas as formas criativas de intervenção no espaço urbano afim de chamar a atenção das pessoas.

Como as pessoas podem contribuir com o @grafeatpeople #grafeat?
A mecânica do projeto é simples. Para aparecer na página você clica uma foto interagindo com algum grafite e posta com #grafeat no Instagram. Dessa forma conseguimos reunir em um lugar só todas as ideias incríveis da relação entre as pessoas e as obras. Acredito que o bacana do projeto é que todo mundo pode contribuir. Até com aquele grafite que não fica em um lugar tão famoso. Um que só a pessoa vê no caminho pro trabalho ou na esquina da casa dela?