LOCKE: um filme que entrega a experiência de ler um livro

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Tom Hardy é um dos atores que tenho gostado bastante ultimamente. Ele foi o vilão Bane em “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge” (2012), o Eames de “A Origem” (2010) e faz Ivan Locke em “Locke” (2014), que me impressionou bastante. Explico.

Em Locke, temos um filme minimalista. Mas minimalista levado ao extremo. Pense que temos apenas um ator em tela durante todo o filme e, basicamente, um take único de câmera na maior parte dos 85 minutos da trama. O filme se passa durante uma viagem de carro entre uma cidade e outra, o que dura os 85 minutos. Podemos dizer que trata-se de um filme em real time.

Vá por mim, assistir a esse filme é uma experiência única e nada do que eu vou falar aqui irá chegar perto do clima e tensão transmitidos através do roteiro escrito e dirigido por Steven Knight – que também é autor do bastante elogiado “Senhores do Crime” (2007) – e da atuação fantástica de Tom Hardy. Em Locke, vemos Ivan Locke, um pai de família que trabalha como mestre de obras. Aliás, um dos profissionais mais conceituados do mercado.

Certo dia, voltando pra casa, ele recebe um telefonema que irá mudar sua vida pra sempre. A partir dali, já na estrada guiando o seu carro, ele precisará tomar decisões dificílimas envolvendo o seu emprego, a sua família e uma “pessoa externa”.

São basicamente esses os três conflitos apresentados no roteiro. Há um quarto conflito acontecendo em um plano paralelo, que tem relação com o pai do personagem, já morto, onde ele tenta provar para o pai a todo instante que, independente da situação, sempre é possível fazer as coisas do jeito certo, já que seu pai não costumava agir dessa forma. É aí que o filme enfatiza bastante os erros que cometemos e a consequência deles em nossas vidas.

Esse é a justificativa pra que Locke deixe o trabalho em segundo plano pra priorizar um evento relacionado a tal “pessoa externa”. Esse evento acaba refletindo imediatamente em sua família de maneira brutal. Porém, o grande barato desse filme são três coisas essenciais que me chamaram muito a atenção. A primeira delas é a atuação de Tom Hardy. Ele vai te colocar na pele do personagem e você vai ficar sentado bem na beira do sofá, tentando de alguma maneira influenciar nas decisões dele.

Vai ser duro quando chegar a situação do conflito familiar. Você vai se imaginar no lugar dele e não vai ser fácil. Bem, esse é o primeiro ponto. O segundo é que o filme é extremamente minimalista. É impressionante como é possível fazer um grande filme apenas com um ótimo roteiro, um ator de calibre e pouquíssimos takes de câmera, contando com basicamente um único cenário durante todo o longa. Palmas para Stephen Knight!

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O terceiro ponto é o mais legal. Mesmo contando apenas com Tom Hardy na tela, você vai ficar com a nítida sensação de que há, pelo menos, uns sete atores contracenando com Locke durante os 85 minutos. Eu gosto de comparar a experiência de assistir a esse filme com a experiência de ler um livro. Como o longa é inteiramente dialogado basicamente através de um telefone, você precisa exercer o poder da sua imaginação o tempo todo pra conseguir “ver” como as pessoas estão reagindo do outro lado da linha.

E meu amigo, quando você simplesmente se deixa levar pela narrativa proposta, vai conseguir enxergar direitinho a cara de cada personagem, entender seus medos, ver os cenários onde estão inseridos, querer ajudá-los, enfim. Esse filme é uma grande pérola, que caminha exatamente na contramão do que você provavelmente está acostumado a assistir.

Vai lá e depois me conta como foi a sua viagem 🙂

nota5-critica

Rodrigo Cunha96 Posts

Publicitário, geek, louco por cinema, música, games, livros e boas idéias nas horas vagas e não vagas. Tem medo de fazer compras em NY e beber num PUB de Londres e nunca mais voltar.

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