A importância do Android Wear e o Moto 360

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Eu tenho um problema. Sou daqueles que se empolga muito facilmente quando o assunto é tecnologia. E, como todo e qualquer empolgado por qualquer coisa, tenho a tendência de exagerar no otimismo com relação a alguns produtos anunciados.

Quando experimentei o Google Glass pela primeira vez, meio que surtei, tentando evangelizar todo mundo. Comecei a achar que o mundo inteiro usaria aquilo. Foi engraçado, por que eu entrava em uma vibe que só eu vivia enquanto falava sobre o device, e as pessoas diziam: “Legal cara, mas ainda acho estranho usar esse negócio. Sei não”. Aí, no dia seguinte, assentando as ideias e tudo mais, a razão começou a falar mais alto e meu lado mais entusiasta começou a ceder, por um motivo até que bastante óbvio: as pessoas são muito, mas muito diferentes umas das outras.

Mas, na terça, depois que o Google anunciou o Android Wear, meio que senti que o Google Glass acabou servindo, pelo menos até agora, para gerar reações nas pessoas. O Glass foi responsável, entre muitas coisas, por enfatizar que não queríamos um device com visual futurista, mas algo muito, muito comum, de preferência passível de ser confundido com qualquer coisa já existente. Nós gostamos de referências e do tradicional. E a mudança não precisa ser externa, mas sim interna.

“DADOS NÃO TE AJUDARÃO SE VOCÊ NÃO PODE VÊ-LOS QUANDO PRECISA DELES”

Talvez o tal ~futuro~ realmente seja bem menos ~futurístico~ do que imaginamos. O filme Ela (Her, 2013), de Spike Jonze, (inclusive fiz uma análise sobre ele aqui) aborda muito bem essa questão, principalmente de maneira estética. O filme se passa em um futuro não tão distante, mostrando a maioria dos devices como já os conhecemos hoje, com pouquíssimas mudanças. Na história, a evolução é em termos de software, mais especificamente, Inteligência Artificial. Uma evolução interna.

Aí chegamos no smartwatch a ser lançado pela Motorola, o Moto 360. Por que ele chamou tanto a atenção das pessoas? Bem, o modelo se parece demais com um relógio comum e poderá ser facilmente confundido com um “dumbwatch” (já pode usar esse termo?). Pelo que foi mostrado até agora, o Moto 360 não passa de um relógio tradicional de ponteiros. Mas, quando o dono falar o termo “Ok Google”, ele se transforma em um smartwatch, que roda uma versão adaptada do Android, muito mais sutil e econômica, mostrando apenas dados relevantes para o seu dono.

Tudo através de comandos de voz. Os exemplos mostram temperatura, e-mails, SMS, dados de desempenho durante exercícios físicos, fotos, entre outros. Mas isso é só o início da história. Muita coisa boa deverá surgir daí quando a comunidade de desenvolvedores começar a lançar outras soluções, já que um kit preview de desenvolvimento já está disponível para download.

Porém, uma coisa ainda me deixa um pouco desconfortável e ao mesmo tempo confortável no meio de toda essa história. Já imaginou um grande burburinho no metrô, com pessoas dando comandos de voz em seus smartwatches o tempo todo? Imaginar isso pode parecer estranho agora, quando não estamos acostumados. Mas isso pode se tornar tão comum como checar seus e-mails no smartphone, ou enviar uma mensagem via WhatsApp. O lado confortável dessa história é não precisar mais digitar. Ou você já tentou imaginar como seria digitar em uma tela de relógio? 🙂

“OS DISPOSITIVOS DE VESTIR SABERÃO O QUE SEUS DONOS VÃO QUERER ANTES MESMO DE ELES SABEREM QUE QUEREM”

O fator “estranho” acaba se tornando comum com o tempo. Já foi mais estranho observar pessoas checando seus smartphones durante um happy hour, certo? Sim, ainda reclamamos muito, mas creio que já é um caminho sem volta e talvez nem faça sentido ficar batendo nessa tecla, criando etiquetas comportamentais, por exemplo. Os smartphones ~chegaram pra ficar~.

Semana passada conversei com um amigo que voltou de Nova York falando que lá, no metrô, não há quem não esteja com o smartphone ou tablet nas mãos. Você pode reclamar: “Mas poxa, ninguém mais olha na cara de ninguém?” Mas o que seria um exagero? Essa afirmação ou o fato de as pessoas não largarem seus devices?

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O Moto 360 pode sim nos ajudar bastante no dia a dia. Na Wired de Janeiro, a chamada de capa dizia: “Atenção: Por que a tecnologia de vestir será tão grande quanto os smartphones?”. A matéria em si traz várias análises e reflexões bastante interessantes. Separei duas citações que gostei bastante: “Dados não te ajudarão se você não pode vê-los quando precisa deles”. Isso tem muita relação com os smartphones, certo? Quantas vezes recebemos uma notificação e só verificamos horas depois, quando sacamos o device do bolso?

A outra é: “Os dispositivos de vestir saberão o que seus donos vão querer antes mesmo de eles saberem que querem”. Esses dispositivos farão leituras do nosso corpo em tempo real. Eles poderão prever muita coisa ligada a nossa saúde, por exemplo. Mas tudo isso ainda está em fase embrionária. É como se a tecnologia de vestir estivesse em um estado de evolução semelhante a Era Mobile, em 2003.

Mas o Moto 360 e o Android Wear deram forma ao que antes eram apenas conceitos e possibilidades. Esse tipo de tecnologia agora é mais palpável e será ainda mais quando os devices estiverem nas prateleiras. Talvez o anúncio do Google tenha tido a mesma importância que o da Apple em 2007, quando a empresa de Jobs anunciou o iPhone.

Ah, e eu prometo não me empolgar demais quando fizer um review sobre 🙂

Wearable Tech foi o principal tema no SXSW desse mês. Há um post no Brainstorm9 dando destaque a algumas tecnologias exibidas por lá. Recomendo a leitura.

Rodrigo Cunha96 Posts

Publicitário, geek, louco por cinema, música, games, livros e boas idéias nas horas vagas e não vagas. Tem medo de fazer compras em NY e beber num PUB de Londres e nunca mais voltar.

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