Smartphones Modulares: A Próxima Revolução?
Desde o lançamento do iPhone e do Android, não temos mais visto grandes mudanças no universo dos smartphones. Os iPhones inauguraram o conceito de tela multi-touch, o ecossistema de aplicativos, enquanto que o Android inaugurou o software de código aberto no meio mobile.
Desde então, todo ano é a mesma história: caso você queira um desempenho melhor, mais velocidade, melhor câmera, entre outros benefícios, você precisa trocar de smartphone. O ciclo de lançamento desses devices é curto demais e, logo que você compra um, o fabricante já está anunciando a próxima versão.
Pensando nisso, a Motorola (que foi incorporada pelo Google) e a Phoneblocks, empresa criada por Dave Hakkens, anunciaram em Outubro, o Projeto Ara. O Projeto Ara é simples, mas ele pode mudar a forma como os smartphones são comercializados hoje.
A essência do projeto é o lançamento de um endoesqueleto que virá pronto para receber módulos de memória, processadores e etc. Trocando em miúdos, com o tempo, você poderá substituir a antiga memória de 512mb por uma de 1gb. Se ainda não estiver satisfeito, poderá substituir o processador por outro mais veloz, sem precisar trocar de aparelho 🙂
Design protótipo de um smartphone modular. E aí, vai encarar?
Em nota à imprensa, a Motorola disse:
“Queremos fazer com o hardware o que a plataforma Android tem feito pelo software: criar um ecossistema de desenvolvedores vibrantes, diminuir as barreiras, aumentar o ritmo de inovação e comprimir substancialmente os prazos de desenvolvimento”.
Paul Eremenko, da área de tecnologia da Motorola, completou:
“Nós compartilhamos uma visão comum: desenvolver uma plataforma de telefone que é modular, aberto, personalizável e feito para o mundo inteiro. Nós fizemos um trabalho técnico profundo. Dave criou uma comunidade. O projeto aberto requer ambos. Então, vamos trabalhar com o Ara em aberto, interagindo com a comunidade Phonebloks todo o nosso processo de desenvolvimento”.
Tudo isso faz muito sentido e realmente pode vir a agradar consumidores ao redor do mundo. Mas, não podemos deixar de levar em consideração alguns pontos:
PERFORMANCE/FRAGMENTAÇÃO
Caso o projeto realmente seja um sucesso, a fragmentação tão presente hoje no universo Android, tende a aumentar. Nem todos farão o upgrade de memória ou processador ao mesmo tempo. Haverão devices com combinações de configuração diferentes, dificultando ainda mais o trabalho dos desenvolvedores na hora de criar aplicativos. No entanto, a Microsoft sempre conviveu com esse problema nos desktops, onde cada máquina tinha uma configuração diferente. Já a Apple, que sempre trabalhou com dispositivos próprios e máquinas fechadas, sempre tirou vantagem nesse quesito, e esse cenário tem se repetido no meio mobile. Mas a questão da performance/fragmentação é um mero detalhe, podendo ser superada caso o mercado realmente abrace a ideia e os aparelhos sejam um sucesso de vendas.
DESIGN
Não é difícil de prever que esses aparelhos personalizáveis não terão design apurado. Com a possibilidade de personalizar alguns componentes, onde o próprio usuário poderá fazê-lo, as partes serão destacáveis, o que inviabiliza a produção de aparelhos com design mais isométrico. Mas, há consumidores de todos os tipos, desde aqueles que compram smartphone pela beleza até aqueles que estão em busca do melhor custo/benefício.
MERCADO PARALELO
Surgirão diversas empresas focadas em produzir memórias, processadores e outros dispositivos para esses aparelhos. Isso não é uma coisa ruim, mas certamente teremos peças boas e outras nem tanto, como já estivemos acostumados a lidar na Era PC. Com tudo isso, a probabilidade de travamento de aparelhos aumentaria bastante. Ou seja, smartphones estão, cada vez mais, se aproximando dos PCs 🙂
Pessoalmente, torço muito para que o Projeto Ara seja um sucesso. Afinal, concorrência e opções para o consumidor nunca são demais. A previsão do lançamento do primeiro protótipo já é para os próximos meses.
Fonte: Google Discovery
Rodrigo Cunha96 Posts
Publicitário, geek, louco por cinema, música, games, livros e boas idéias nas horas vagas e não vagas. Tem medo de fazer compras em NY e beber num PUB de Londres e nunca mais voltar.
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