O Lobo de Wall Street [Análise]
Antes de começar a falar sobre O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street – 2013), preciso perguntar se você gosta do trabalho do diretor Martin Scorsese, especialmente em filmes como Os Bons Companheiros (The Goodfellas – 1990) e Cassino (Casino – 1995).
Se a sua resposta foi sim, cada pedaço desse filme foi feito pra você! Mas antes, vamos falar um pouco sobre o argumento do longa, que é uma adaptação da autobiografia do próprio Jordan Belfort, corretor da bolsa de Wall Street.
Jordan Belfort (interpretado magistralmente por Leonardo DiCaprio, merecidamente indicado ao Oscar de Melhor Ator) consegue a licença tão sonhada para trabalhar como corretor em Wall Street. Em seus primeiros dias, ainda deslumbrado com o novo mundo que passa a fazer parte, encontra comMark Hanna (Matthew McConaughey), que faz com ele torne-se ainda mais ambicioso. Mas a alegria de Jordan em Wall Street dura pouco. Pouco tempo depois, em uma “bela” segunda-feira, as bolsas de vários países começam a cair rapidamente. É o fatídico dia 19 de Outubro de 1987, que ficou conhecido como Black Monday.
E agora, como dar sumiço em toda essa grana, cara?
Jordan fica sem emprego, aceitando trabalhar em uma empresa de “segundo classe”, onde passa a lidar com papéis de baixo valor. No entanto, os corretores do local ganhavam uma comissão maior, que ficava na casa dos 50% (contra 1% em Wall Street). Pouco tempo depois e já com bastante dinheiro, Jordan conhece Donnie (Jonah Hill), que mora no mesmo prédio que ele e fica impressionado com os ganhos de Jordan. Mais tarde, juntos eles resolvem montar a Stratton Oakmont, que conta também com amigos de outras épocas. Preciso dizer que todos os membros da empresa enriquecem rapidamente? 🙂
A Stratton Oakmont e suas “técnicas duvidosas” para vendas de ações, fazem com que as pessoas – principalmente seus sócios – enriqueçam em uma velocidade espantosa, tanto que não demora a surgir o famoso tripé sexo (bastante bacanal, inclusive), drogas (um grande variedade delas) e rock n’ roll (de Foo Fighters a Lemonheads).
Jordan não tem qualquer espécie de limites e ostentação é um de seus lemas, além de depender completamente de um coquetel frequente de drogas para se tornar “invencível”, principalmente de cocaína, no melhor estilo Scarface. Donnie, interpretado por um Jonah Hill (inspiradíssimo e indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante e que chega a lembrar os melhores momentos de Joe Pesci em Os Bons Companheiros e Cassino), o apoia em todas as decisões, fazendo o papel de cão fiel em todos os momentos possíveis. E impossíveis e surreais, claro.
Tá aí, a famosa cena da Margot Robbie que já nasceu clássica.
Como toda história baseada em excessos, O Lobo de Wall Street traz os elementos já esperados em toda história do gênero: construção, evolução, auge, sinais de queda e queda. Durante os primeiros sinais de queda, eu diria que o filme apresenta seus melhores momentos. Como esquecer da belíssima sequência onde Jordan e Donnie resolvem juntos, experimentar um “calmante milagroso”? O que acontece a partir daí é uma sequência de fatos inenarráveis, que através de palavras seria até injusto tentar descrever.
Também não há como não mencionar a belíssima Margot Robbie, que faz o papel de Naomi, esposa de Jordan. É dela uma das cenas mais inusitadas do filme, quando resolve “provocar” Jordan após alguns sonhos dele em voz alta durante uma noite, revelando alguns, digamos, “segredos”. Os atritos entre Naomi e Jordan começam a ficar frequentes a medida que os sinais de queda começam a se intensificar. Mesmo sendo uma boa atriz, senti bastante falta da intensidade que Sharon Stone conseguia transmitir em Cassino através de sua personagem Ginger, durante as intermináveis discussões com Robert DeNiro, que interpretava Sam.
Essa cena terá um grande peso caso o filme, diretor e atores, sejam premiados.
O Lobo de Wall Street, como filme, apesar de ser baseado em uma história real, é uma bela colagem dos melhores momentos de Os Bons Companheiros e Cassino. E não há nada de errado nisso.
Muito pelo contrário: se você gostou desses dois filmes, o novo trabalho de Scorsese foi feito pra você. Na medida, fala por fala. Fazia tempo que o diretor não visitava esse gênero de filme, chegando perto com Os Infiltrados (The Departed – 2006). Mas os fãs mais devotos sentiam que o diretor ainda devia algo que remetesse ao cinema que ele produziu na década de noventa.
No dia 5 de Novembro, fiz um post aqui no TPH onde o título foi: “Vem aí o próximo épico de Scorsese?”. Talvez épico seja uma palavra forte e um tanto exagerada pra classificar o novo filme, mas certamente foi dessa vez que Scorsese presenteou seus fãs com um produção que transpira suas melhores características que tanto o tornaram conhecido e admirado, mundo afora.
O Lobo de Wall Street está indicado em cinco categorias no Oscar 2014: melhor filme, melhor diretor, melhor ator, melhor ator coadjuvante e melhor roteiro adaptado.
Rodrigo Cunha96 Posts
Publicitário, geek, louco por cinema, música, games, livros e boas idéias nas horas vagas e não vagas. Tem medo de fazer compras em NY e beber num PUB de Londres e nunca mais voltar.
0 Comentários