As antigas tribos celtas e o resgate da masculinidade

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Nesses tempos em que a geração floquinho de neve chora por causa de praticamente tudo, é fundamental resgatarmos a masculinidade e seu conjunto de valores intrínsecos. Para isso, nada melhor do que analisar como se comportavam os homens de civilizações antigas, que geralmente eram bravos, audaciosos e destemidos guerreiros que não reclamavam de tudo, não choravam a cada cinco minutos solicitando ao deus-estado e ao papai-governo que resolvessem todos os seus problemas e não suplicavam favores a políticos demagogos, oportunistas e paternalistas, para que os seus fetiches ideológicos fossem todos saciados. Muito pelo contrário.

Os homens de verdade, que fizeram e construíram a civilização ocidental, não tinham medo de uma boa briga, não se resguardavam em enfrentar as autoridades estabelecidas quando a sua liberdade e os seus valores tribais estavam em risco e nunca abriam mão de sua independência e autonomia.

Com a ascensão de ideologias contemporâneas terrivelmente prejudiciais que ensinaram os indivíduos a terceirizarem suas responsabilidades para o estado provedor e assistencialista, a masculinidade não se viu apenas ameaçada, como foi altamente prejudicada, ao ponto de ir gradualmente desaparecendo da sociedade.

Ainda que o homem altamente masculino não tenha desaparecido por completo, ele se torna um item cada vez mais raro e escasso em meio a uma geração de covardes que tem medo de tudo, se escondem debaixo da cama por qualquer ameaça real ou imaginária e estão sempre procurando um político para protegê-los das agruras da realidade.

Em um contraste radical à geração mais fresca, covarde e lamurienta da história, os antigos bretões eram guerreiros bravos, ousados e destemidos, que não hesitavam em deflagrar guerras sanguinolentas para defender os seus territórios de invasores estrangeiros. Quando a ocupação romana oficialmente teve início na Bretanha – por volta do ano 43 d.C. -, as legiões romanas logo sentiram a enorme dificuldade de dominar as diversas tribos celtas insulares que existiam espalhadas por toda a ilha.

Infelizmente, as inúmeras tribos existentes guerreavam muito entre si, o que acabou contribuindo para que os romanos dominassem a região, quer por meio de diplomacia, quer por meio da força militar.

Quando notaram essa fraqueza – a inexistência de cooperação e unidade entre os bretões -, os romanos perceberam que poderiam se aliar a algumas tribos para subjugar outras. Não obstante, o histórico de resistência dos bretões ao domínio romano foi uma constante durante todos os quatro séculos de ocupação romana.

Aqui, vamos analisar o histórico de quatro importantes tribos celtas da Bretanha antiga e a dinâmica de sua relação com a potência estrangeira romana.

Brigantes

Brigantes

Os brigantes foram, possivelmente, a mais poderosa e beligerante tribo da Bretanha antiga, que ocupou a maior parte do território que equivale hoje ao norte da Inglaterra, abrangendo os atuais condados de Lancashire, Yorkshire, Durham e Northumberland. Sua capital era conhecida pelos romanos como Isurium Brigantum e está localizada no que é hoje a cidade de Aldborough.

Apesar da resistência inicial, os brigantes se tornaram aliados de Roma quando perceberam as enormes vantagens econômicas, políticas e diplomáticas das quais poderiam usufruir, caso aceitassem o domínio romano.

Dentre esses benefícios, poderiam reter certa autonomia e dominar sobre todas as demais tribos vizinhas. Isso não impediu, no entanto, que unidades dissidentes de brigantes se separassem em unidades autônomas menores para lutar contra os romanos e contra os brigantes que aceitavam ser vassalos dos romanos. De todas as tribos celtas da antiga Bretanha, os brigantes estão entre os que possuem a mais bem documentada historiografia, o que pode ser atribuído a sua proximidade com os romanos, cujas relações eram ora pacíficas e amistosas, ora hostis e turbulentas.

Inteligentes, os brigantes anti-romanos aproveitavam os períodos de fraqueza e instabilidade interna do império para deflagrar rebeliões e insurreições, com a intenção de se libertar do domínio hostil da opressiva potência estrangeira.

Trinobantes

Os trinobantes ocupavam um pequeno território no sudeste da Bretanha, equivalente às atuais regiões de Essex e a parte meridional de Suffolk. Sua capital era Camuloduno – atual Colchester -, embora este nome (Camulodunum, no original em latim) aponte para uma precoce colonização romana do território.

Desde que os romanos desembarcaram na Bretanha e fizeram um reconhecimento da região, os trinobantes foram rapidamente identificados como uma das tribos mais indomáveis e implacáveis da ilha, senão a mais poderosa, violenta e combativa de todas elas. Apesar de ser comparativamente menor que as tribos vizinhas, os trinobantes eram peritos na arte da guerra. Infelizmente, toda a sua aguerrida beligerância e destreza bélica foram efêmeras, visto que depois de pouco tempo, os trinobantes passaram a ser dominados de forma intermitente ora pelos romanos, ora pelos catuvelaunos.

De acordo com o Commentarii de Bello Gallico, de Júlio César, Imanuentius foi um dos primeiros reis dos Trinobantes, que foi morto por Cassivelauno, da tribo dos catuvelaunos. Mandubrácio teria então solicitado auxílio militar de Júlio César, que aceitou lutar contra os catuvelaunos para restabelecer a ordem entre os trinobantes, que acabaram se tornando vassalos de Roma.

A evidência arqueológica sugere que posteriormente os catuvelaunos voltaram a atacar os trinobantes, e os dominaram novamente – desta vez por um curto período -, antes dos trinobantes serem mais uma vez protegidos pelos romanos. Instabilidades políticas e sucessivas invasões por parte dos catuvelaunos enfraqueceram permanentemente os trinobantes, que se tornaram altamente dependentes de Roma, até serem reduzidos a uma simples condição de protetorado. No entanto, seu espírito rebelde e indômito nunca desapareceu. Os trinobantes participaram ativamente da revolta de Boudica contra o Império Romano em 60 d.C.

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Corieltavos

Os corieltavos, por sua vez, habitavam a região da Bretanha hoje conhecida como Midlands Orientais, que é basicamente o leste da parte central da Inglaterra, onde estão localizados os condados de Leicestershire, Derbyshire, Nottinghamshire, Northamptonshire e Rutland, além da maior parte de Lincolnshire. Sua capital era a Ratas dos Corieltavos, atual Leicester. Eles eram vizinhos dos brigantes, ao norte, dos icenos ao leste, dos cornóvios a oeste, e dos dobunni e dos catuvelaunos ao sul.

Os corieltavos caracterizavam-se, sobretudo, pelo caráter altamente descentralizado de sua organização social, o que significa que essa tribo se dividia em pequenas unidades autônomas e independentes. A inexistência de um governo central deixa notório o caráter nitidamente masculino e patriarcal dessa civilização bretã, no qual os homens desempenhavam seus papéis naturais de liderança, não aceitando sob hipótese alguma delegar responsabilidades para alguma entidade política abstrata e distante. O tipo de organização de caráter voluntário e comunitário dos corieltavos os aproximava muito de doutrinas contemporâneas como o comunitarismo e o anarquismo social, desenvolvidas posteriormente por filósofos como Charles Fourier e Alasdair MacIntyre.

Os corieltavos tomavam conta de suas famílias, as resguardavam e protegiam, e jamais aceitavam, sob hipótese alguma, que suas liberdades fundamentais fossem suprimidas. Quando o seu estilo de vida e o seu modelo de organização social acabavam de alguma forma ameaçados por invasores – fossem eles tribos vizinhas ou alguma potência estrangeira como a romana -, eles se colocavam de prontidão para defender o seu território até a morte. Para os corieltavos, a morte era uma alternativa superior a escravidão.

Catuvelaunos

Os catuvelaunos dominaram um extenso território no sudeste da Bretanha, com capital em Verulâmio – atual St. Albans – que corresponde às regiões de Buckinghamshire, Hertfordshire e Bedfordshire, além de abranger determinadas partes de Cambridgeshire, Berkshire, Essex, Oxfordshire e da área metropolitana de Londres.

Seu guerreiro de maior proeminência, o líder tribal Cassivelauno – de acordo com as fontes históricas tradicionais – foi o primeiro bretão a resistir a ocupação romana, o que ocorreu durante as expedições de reconhecimento comandadas por Júlio César, que começaram por volta de 54 a.C., quase um século antes do processo oficial de colonização romana da região ter início. Sempre buscando a expansão territorial, de acordo com os indícios arqueológicos, os catuvelaunos expandiram o seu território depois de declararem guerra aos trinobantes.

Na época do rei Cunobelino – que governou entre os anos 9 e 40 d.C. -, as relações com Roma foram expandidas, em virtude das substanciais vantagens econômicas, diplomáticas e comerciais que isso trazia para os catuvelaunos. Durante o reinado de Cunobelino, os catuvelaunos passaram de uma simples tribo para a potência dominante no sudeste da Bretanha.

Com o eventual enfraquecimento do Império Romano – o que ocorreu no início do século 4 d.C. -, a potência política romana foi gradualmente se retirando da região, o que fez com que as diferentes unidades que compunham a civilização bretã ganhassem novamente a liberdade; por essa época, no entanto, os diversos clãs e dinastias que haviam se estabelecido no decorrer dos séculos passaram a lutar entre si, em disputas territoriais que se estenderam por muitos anos.

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Conclusão

A história da Bretanha celta é a história da resistência intermitente de várias tribos insulares dispersas contra uma potência estrangeira, que hora lutavam entre si, ora se uniam para repelir o invasor, e ora se uniam ao invasor para oprimir e dominar tribos rivais. Antes de tudo, no entanto, essa é uma história que mostra a ojeriza do homem em ser dominado por seus pares, que – diante de circunstâncias adversas – sempre se mostra disposto a lutar contra os seus inimigos para preservar a sua liberdade, a sua autonomia e a sua independência – qualidades que podem ser entendidas como atribuições intrinsecamente masculinas.

Com isso, aprendemos que determinadas virtudes masculinas eram mais persistentes no passado, por questão tanto de necessidade quanto de sobrevivência. Atualmente, com determinadas facilidades, podemos esquecer quem realmente somos, especialmente se damos ouvidos às promessas de políticas assistencialistas populistas, que contribuíram para criar com o passar dos anos inúmeras hordas de homens fracos e histéricos, dependentes do estado paternalista e de ideologias altamente contraproducentes, que não contribuem em absolutamente nada com o crescimento pessoal, profissional e mental dos indivíduos.

Antes, o contrário, os infantiliza de forma persistente e os faz pensar que o mundo deve tudo a eles, pelo simples fato de existirem. Os exemplos históricos do passado nos permitem lembrar que a masculinidade é uma virtude. A atual geração de homens fracos – que precisam desesperadamente dos seus políticos de estimação para tudo e suplicam por intervenção estatal até para atravessar a rua – certamente decepcionaria de forma profunda os destemidos e audaciosos guerreiros do passado, que lutavam arduamente para manter a sua liberdade e não aceitavam serem dominados por forças externas.

Os antigos bretões do passado, assim como os legionários romanos – o que vale para muitos outros exemplos históricos, como os bravos soldados visigodos ou os destemidos guerreiros vândalos -, não eram indivíduos que choravam diante das dificuldades. Antes o contrário, faziam o melhor que podiam com o pouco que tinham. E essa é a essência fundamental da masculinidade: não chorar diante das dificuldades, mas procurar persistir apesar delas.

Colaboração: Wagner Hertzog.

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