A sexta-feira 13 acabou! E agora, quem você vai culpar?

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A sexta-feira 13 será utilizada aqui apenas para exemplificar melhor o que pretendo dizer. Não cabe a mim questionar a veracidade das crenças de muitos. Algumas pessoas acreditam que a sexta-feira 13 traz consigo algumas consequências negativas que irão necessariamente influenciar na vida delas, como, por exemplo, avistar um gato preto, passar por baixo de uma escada e assim por diante.

O interessante é que essas crenças, na maioria das vezes, fazem com que a pessoa se isente da culpa, com o pensamento que “isso só aconteceu porque é sexta-feira 13” ou “em um dia normal isso não aconteceria”. O meu questionamento fica para, até que ponto isso pode ser verdade? Pensando nisso, elaborei algumas reflexões para tentar entender os motivos das pessoas se isentarem da própria culpa e responsabilidades, levando em consideração esse dia.

É mais fácil culpar o outro (ou as outras coisas) do que a si mesmo.

Acreditar que algo ocorreu apenas porque você passou por baixo de uma escada, ou porque é dia 13 e logo em uma sexta-feira, e não uma sexta-feira 7, é algo muito cômodo para quem tem essa crença. Digamos que nesse dia você chegou ao fim de seu relacionamento. Logo nesse dia a sua namorada resolveu terminar a relação de vocês.

Muitos poderiam crer que é por causa da maldita sexta-feira treze, é o dia pra coisas ruins né? Eu acredito que não. Pode ser muito difícil para alguns refletirem sobre a sua própria culpa, ou seja, assumir as responsabilidades dos próprios atos. Os relacionamentos não chegam ao fim de um dia para o outro, o pensamento de terminar a relação não surge somente porque é uma sexta-feira 13. Se o relacionamento acabou, isso provavelmente é consequência de várias circunstancias que fizeram com que a sua ex-namorada chegasse a essa conclusão. E o problema é que você talvez nem tenha percebido nada disso.

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Lidar com as consequências significa ter responsabilidade.

A verdade é que poucas pessoas querem realmente assumir as responsabilidades de seus erros, assim como, muitas pessoas tem dificuldades em perceber que erraram, para que assim não precisem pedir desculpas. Assumir que está errado é demonstrar para o outro que nós não somos perfeitos, ou que não sabemos de tudo e, o melhor, que nós somos humanos. Somos tão cobrados pela perfeição e pela falta de erros, que quando erramos não sabemos como admitir isso.

Portanto, é mais fácil, principalmente na sexta-feira 13, culpar o dia, ou as circunstâncias, do que assumir que estávamos errados. Você só chegou atrasado ao trabalho porque é sexta-feira 13 e não porque você decidiu dormir até mais tarde, ou porque você demorou mais no banho, ou até mesmo porque você saiu para beber ontem e chegou tarde em casa. Isso não tem relação nenhuma, afinal, é sexta feira 13…
Lidar com as próprias responsabilidades de uma forma assertiva e, principalmente, lidar com as consequências de seus erros é uma habilidade construída por meio de um processo longo de autoconhecimento e um processo de desmitificação de algumas regras sociais.

Podemos errar quando temos justificativas.

As nossas crenças servem também para que possamos justificar os nossos próprios erros e, em um dia como a sexta-feira 13, para quem acredita realmente nisso, fica muito mais fácil errar, ou perceber os erros como comuns. Ou seja, se você já tem uma desculpa para errar, significa que você também já está disponível para cometer erros. Assim você pode realizar as tarefas sem muito afinco ou precisão, afinal, está tudo bem se você errar, você tem algo para culpar.

Se estamos disponíveis ao erro, mesmo sem percebermos, a probabilidade de tudo dar errado nesse dia é muito grande. É como se você estivesse realizando algo, mas estivesse com muito sono. A probabilidade de dar errado é muito grande (e você sabe, mas tudo bem, a culpa é do sono).

Entender as suas próprias crenças e, principalmente os motivos de seus erros, é passar a deixar de repeti-los, lidando com as situações com a seriedade que elas exigem, evitando erros e potenciando os acertos.

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Quanto mais você acredita, mais você percebe.

Algumas pessoas acreditam realmente que a sexta-feira 13 traz azar e má sorte para a vida delas, que possuem até mesmo lista de coisas ruins que aconteceram nesse dia. Isso serve para justificar a crença e também para realmente confirmar para o outro que isso acontece. Nós fazemos isso na maioria das vezes, com as mais diversas crenças que temos.

Tentarei explicar isso utilizando uma teoria chama a teoria da intencionalidade da consciência. Para explicá-la de uma forma rápida, podemos dizer que prestamos mais atenção naquilo que damos importância. Por exemplo, quando você compra um modelo de carro específico, você passa a perceber vários carros do mesmo modelo que o seu, da mesma cor e assim por diante. Muitas pessoas podem dizer “nunca tinha visto esse carro antes, agora que comprei todo mundo tem”.

Na verdade, os carros do mesmo modelo que o seu sempre estiveram na rua, você quem nunca percebeu, afinal, não era algo importante para você. Quando passou a ser algo com significado, você passou então a percebê-lo.

Nesse caso, na sexta-feira 13 as pessoas que acreditam passam a perceber todas as situações ruins que acontecem com elas e passam ainda a listá-las, assim pode parecer que nesse dia acontecem mais coisas ruins. Na verdade, muitas dessas coisas ruins são aquelas coisas frequentes que acontecem em nossas vidas, mas, no dia 13, damos mais importância a elas do que daríamos normalmente (ó a intencionalidade da consciência aí).

Assim nós justificamos muitas de nossas crenças somente pelo fato de acreditarmos nelas. Se tivemos portanto, outras crenças, encontraríamos também, a partir da intencionalidade, outras formas de explicá-las.

supersticoes-sextafeira13A crença é legal, mas tenha cuidado.

Tudo o que acreditamos veementemente precisa ser questionado. Todas as verdades “absolutas” que nós temos, podem nos trazer algum tipo de problema, principalmenteos relacionados com o convívio com o outro. Essas crenças e verdades absolutas podem fazer com que tenhamos dificuldades em acreditar na verdade e nas crenças do outro.

Se você perceber que existem alguns assuntos que você não consegue conversar ou algumas opiniões alheias que você não sabe aceitar (ficando até agressivo), talvez seja necessário você parar e refletir sobre isso. É preciso saber até que ponto essa crença te traz benefícios ou malefícios e até que ponto você está sendo demasiadamente fanático. Pensar sobre isso é tornar-se uma pessoa mais flexível e propensa a aprender sobre as novas formas de perceber o mundo e até mesmo a sua própria realidade.

Leonardo545 Posts

É psicólogo e redator de conteúdos. Escreve, reflete e pesquisa sobre os mais variados temas. Não considera a escrita como trabalho, mas uma necessidade da alma.

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