Quando for embora, não precisa fazer mais nada. Não precisa tentar chamar a atenção dela. Não precisa fazer doer mais. Ir embora, basta.

Deixa ela ali, agradecendo pelas conquistas pessoais, pelas mudanças que esse relacionamento deixou e que ela se orgulha disso. Pela pessoa que ela se tornou graças a você, mas que não graças a você, vão permanecer. Ela gostou de ser assim, mais ela, mais humana, mais coração. Mais paciência, que todos insistiam em pedir, mas só você conseguiu tirar dela.

Deixa ela pensar o que fez/faz de errado, e porquê chegou àquele ponto.

“Merecer aquilo”, ela pensa.

Deixa ela ali, pensando em como vai ser. Em como os planos viraram água. Em como os planos não passaram de… planos.

Deixa ela pensar em cada segundo ao teu lado. Onde a tua real timidez se perdeu no tempo.

Em como tamanha paciência se dissolveu nos meses que passaram juntos.

“Ainda lembra disso? Que bom!“.

Deixa ela admitir que, naquele momento, a única frase que lhe vem à cabeça é “se eu só lhe fizesse o bem, talvez fosse um vício a mais”. E que se sente assim.

Parece que cada parede foi pintada com o teu tom. O ar ali dentro ficou rarefeito. Parece até que chovia lá fora e que o cinza refletia aqui dentro.

Quando for embora, bate a porta. E leva a tua chave, porque a saudade já ocupa todo o espaço que você deixou sobrar.

Deixa o cantinho dela.. Ela vai acabar repetindo tanto que tudo vai ficar bem que, no fim, vai acabar acreditando.

Pode deixar que eu cuido e cubro quando ela sentir frio à noite.

Um beijo,

Seu orgulho.

Por Rayanna Utiama.