A polêmica do isopor e os preços surreais
O ano começou um pouco quente no Brasil. E quem decidiu se refrescar com uma cerveja ou até um suco natural nas praias ou grandes capitais do país, se deparou com preços um pouco acima do esperado.
Com isso, muitas pessoas estão aderindo ao clássico isopor para conseguir aproveitar a praia sem ter que gastar todas as suas reservas financeiras.
Na verdade esse costume não é de hoje e nem pode ser enquadrado em uma classe social. Até o nosso querido -ou não- ex-presidente Lula já foi flagrado fazendo uma “farofada” na praia de Inema (BA):
Minha família, com boas condições financeiras, sempre levou o bom e velho isopor para a praia. Isso porque no verão já era esperado encontrar preços acima da média nas praias do litoral paulistano (e com certeza em outras praias do país). E o engraçado é que mesmo quando criança, eu já conseguia ver a inflação do verão nas praias… Minha principal referência era o meu sorvete preferido, o Tablito, que custava normalmente cerca de R$1,50 nas padarias e no verão aparecia com uma etiqueta, escrita à mão, com o valor de R$2,80. Já com os vendedores de praia, meu amado Tablito virava um sorvete de luxo, era comum comprá-lo por R$3,50 molhados de água do mar e com um toque de areia.
Mas nessa época a indústria do sorvete & picolé sabia minimizar a revolta, criando a amada promoção do “Palito Premiado”. Isso fazia toda criança esquecer da inflação e apostar a sorte em mais um picolézinho. Acredite, ou não, mas eu consegui ganhar 2 picolés seguidos com essa promoção!
Bom, voltando novamente ao assunto, os isopores sempre fizeram parte da praia. O que não reduzia o consumo de produtos com vendedores ambulantes e barracas de praia, logo que no isopor a gente não conseguia fritar um pastel, cozinhar um milho ou preparar uma deliciosa porção de camarão.
A verdade é que esse verão “calorento”, somado de uma inflação visível, acrescido de uma Copa do Mundo e um brasileiro que não sabe administrar suas despesas pessoais (leia mais aqui), resultou na transformação da nossa moeda de Real para $urreal.
Quer dizer, essa foi uma moeda criada por usuários que se revoltaram com os preços altos no Rio de Janeiro e fizeram uma página no Facebook com o nome “Rio $urreal – NÃO PAGUE”. Lá eles compartilham relatos pessoais ou de outros usuários que se depararam com preços “surreais”, como uma jarra de suco de abacaxi por R$52, um misto quente por R$20, um chopp claro nacional por R$10, dentre outros.
A maior loucura que li na página foi esse relato:
“Hoje fui à praia do leblon e me deparei com um gringo sul-americano perguntando a um vendedor ambulante se ali era a praia do leblon. O vendedor respondeu que ali era copacabana, ficou enrolando o gringo dizendo que não sabia e no fim disse que aqui no Rio tudo é pago e que, por isso, a informação também era paga.. enfim, o gringo já tava pegando a carteira e perguntando quanto o ambulante queria quando eu tive que gritar pro gringo que era sim a praia do leblon.. o gringo chegou a perguntar se aquilo foi uma pegadinha.. enfim, achei vergonhoso, surreal…”
Aliás, no Rio de Janeiro a loucura é tanta que até o famoso “10% do garçom” subiu para 13%!
Esse protesto virtual acabou gerando outras páginas com o mesmo propósito, como Sampa $urreal, Brasília $urreal, Curitiba $urreal, Balneário Camboriú $urreal, etc.
E, como já era de se esperar, esse “protesto” acabou indo para as ruas com o nome de “Isoporzaço”. Isso é, dezenas e até centenas de pessoas que combinam pela internet e se reúnem em uma praia, rua ou praça com seus isopores e suas bebidas preferidas. Tudo isso para protestar contra os preços abusivos que estão sendo praticados por bares, restaurantes e barraquinhas da praia:
Enfim, a polêmica é grande e existem defensores de todos os lados. Existe o lado do bar/restaurante que se defende dizendo que a carga tributária é muito alta no país… Do outro lado existem os vendedores ambulantes e as barraquinhas de praia que precisam ganhar o seu tostão durante o verão… E, por último e não menos importante, o lado dos consumidores que não querem continuar pagando preços abusivos.
E você, o que acha da polêmica do isopor?
Guilherme1781 Posts
33 anos, blogueiro, publicitário e músico. Formado em Propaganda & MKT, é blogueiro há mais de 10 anos. Atualmente trabalha com conteúdo para internet e se aventura no mundo musical.
1 Comentário
Tatiana
10 de fevereiro de 2020 at 14:06Acho melhor usar a Caixa Térmica. Hoje em dia ela tem um ótimo custo!