Whiplash, um belo filme contra a mediocridade

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Aristóteles disse: “Nós somos aquilo que fazemos repetidamente. Excelência, então, não é um modo de agir, mas um hábito”. E o nosso herói Ayrton Senna, completou: “Se você quer ser bem sucedido, precisa ter dedicação total, buscar seu último limite e dar o melhor de si mesmo”.

“WHIPLASH – Em Busca da Perfeição (2014)” é daqueles filmes que me deixou com um sorriso no canto da boca durante os 107 minutos de projeção. Parte disso por conta de eu ser um músico frustrado. Frustrado no sentido de não ter levado a frente a carreira que um dia surgiu como uma alternativa de vida, há bons anos atrás. Bem, dizem que todo publicitário é um músico ou cineasta frustrado, não é mesmo. Aí estou eu pra engordar essa estatística 🙂

O filme, dirigido e roteirizado pelo novato Damien Chazelle, de apenas 30 anos, conta a história de Andrew (Miles Teller), um jovem baterista promissor que está cursando o 1º ano em um renomado conservatório de Nova York. O professor do local, Fletcher, vivido por um J.K. Simmons pra lá de possuído, prima por uma metodologia no mínimo duvidosa no que tange ao tato com seus alunos. Dá uma olhada no trailer aí embaixo:

Para Fletcher, não é a toa o motivo de muita gente perguntar por que o jazz está morrendo. Para ele, cada disco de jazz do Starbucks deixa clara uma espécie de “falta de empenho” dos músicos atuais. Fletcher prima pela excelência e acredita que alguém só poderá atingir o ápice do talento que possui se realmente exigir cada vez mais de si, até alcançar a plenitude. Flether claramente é contra o famoso “tapinha nas costas” onde fica claro o “tudo bem, você fez um bom trabalho, até qualquer hora”.

Ele é provocador e consegue fazer com que seus alunos tenham o melhor desempenho. Melhor ainda do que eles próprios imaginavam ser capazes. É um cara apaixonado pelo que faz. Seu ouvido absoluto faz com que nem os alunos mais aplicados percebam que estão atrasando o tempo da música. Mesmo que isso represente milésimos de segundo.

Whiplash foi rodado em apenas 19 dias. Bem pouco para uma produção que está indicada a 5 Oscars, incluindo os prêmios de Melhor Filme e Melhor Ator Coadjuvante. Miles Teller, que faz o papel de Andrew, toca bateria desde os 15 anos de idade. Ele passou por uma treinamento de 4 horas diárias para aperfeiçoar mais a sua técnica e mostrar o que vemos na tela.

Em termos de interpretações, temos basicamente Miles Teller versus J.K. Simmons. Um provocando o outro na história e, sem dúvida, um pirando o outro artisticamente em busca do melhor desempenho em tela. É maravilhoso observar a entrega de ambos – em especial J.K. – que fazem com que você esqueça que aqueles dois caras são atores e realmente acredite que são pessoas que tem a música como sua primeira profissão.

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Como se não bastasse, o filme é um prato cheio para amantes de música e arte em geral. Para bateristas e amantes de jazz, eu diria que é uma poesia. É obrigatório. Observar o treinamento de Andrew dia e noite – muitas vezes até sangrar – é ver alguém em busca de um lugar ao lado dos melhores bateristas do planeta.

É um produto talhado com muito cuidado para quem aprecia boa arte. É possível até fazer a leitura da dificuldade que artistas enfrentam para se provarem perante a família. Há uma cena de jantar com os parentes – daquelas de prestação de contas, sabe? – que deixa isso bastante evidente.

Também vale pontuar que Whiplash é daqueles filmes que te faz levantar e querer ganhar o mundo com todas as forças. Fica, mais uma vez, o recado que já é um clichê, mas não pode ser ignorado: Se você quer realmente chegar a algum lugar e ser o melhor, prepare-se para trabalhar muito e depois, ainda mais. A vida vai te bater, muitas vezes de maneira bastante brutal. Mas chegam lá, somente aqueles que levantam e seguem trilhando a estrada em busca do seu objetivo maior.

Ah, o final do filme é como o final de um grande show que você jamais esqueceu. E também vale 5 gravatas, com louvor 🙂

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Rodrigo Cunha96 Posts

Publicitário, geek, louco por cinema, música, games, livros e boas idéias nas horas vagas e não vagas. Tem medo de fazer compras em NY e beber num PUB de Londres e nunca mais voltar.

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