Vale a pena usar bicicleta como meio de transporte em São Paulo?

Recentemente tivemos a abertura oficial das ciclovias na Avenida Paulista e muitos aparecem por lá para comemorar. É inegável que o número de ciclistas na cidade tem crescido – e é claro que as reclamações sobre o que está realmente ajudando ou atrapalhando o trânsito da cidade, também. Com esses dois lados discutindo, abro aqui um questionamento: Vale a pena usar a bicicleta como meio de transporte na cidade de São Paulo?

Existem muitas cidades pelo mundo que podemos tomar de exemplo e responder “sim” de uma vez, mas logo percebemos que o contexto é totalmente diferente. São Paulo é uma cidade muito grande – muito grande mesmo -, uma das maiores do mundo e só tem investido em ciclovias há poucos anos. Isso significa que ainda há muito a ser feito para podermos dizer que o transporte com bicicleta em São Paulo é totalmente eficaz. Pedalar longas distâncias, por exemplo, sabemos que não vale a pena, até mesmo pelo tamanho da cidade. Então podemos concluir que há, pelo menos, um limite de até onde vale a pena.

Mas essa questão pode ser rebatida com o argumento do transporte público. Algumas estações de metrô já possuem bicicletários, onde você pode guardar a sua bicicleta e se locomover distâncias maiores. Isso também é usado em cidades de países como Alemanha e Holanda, por exemplo, mas bate de frente com a questão já comentada aqui sobre São Paulo ser grande demais e com pouca estrutura ainda para dar esse tipo de mobilidade.

A resposta seria então investir, e, de pouco em pouco, acostumarmos as pessoas com esse meio de transporte que para muitos é novidade, já que a bicicleta era vista por muitos apenas como lazer e esporte. Todos nós sabemos as vantagens de usar bicicleta em vez de carro, por exemplo. Menos poluição, diminuição do trânsito e ainda faz bem para sua saúde. Os benefícios são inegáveis, mas não podem ser usados como argumento definitivo para responder a questão do início do texto.

Sobre ela, a resposta não é nada simples. Não existe reposta definitiva, pois depende de onde você mora e para onde quer ir com a bicicleta. Em alguns casos sim, ela já é um meio de transporte eficiente na cidade de São Paulo, mas para a maioria da população ainda não. Mas esperamos que um dia, esse veículo tão barato e simples, seja acessível para todos.

Conversamos com a algumas pessoas que já fizeram a troca do carro por bicicleta em São Paulo, confira alguns testemunhos:

“Vendi meu carro em 2010 para comprar outro. Mas antes disso vi que não havia necessidade de termos mais de um carro na família, por questões práticas e econômicas. Comecei andando de taxi e vi que isso não me tirava do trânsito. Passei a andar a pé e um dia testei uma bike. Pedalo de 3 a 10 kms por dia. Uso muito a ciclovia da Faria Lima (é um espetáculo) Durante anos levei meus dois filhos para a escola usando uma bike com 2 cadeirinhas. Ainda hoje levo a minha filha (meu filho mudou para uma escola a 2 quadras de casa) de bike. Não abandonei o uso do carro e continuo gostando muito de carros (recentemente tive um Ford Thunderbird 1970 para restauração) a diferença é que quando vc conhece outras formas de se locomover, vc vê que o carro é APENAS uma das opções. Sou um felizardo de estar vivendo nessa época de crescimento da estrutura cicloviária paulistana. Acho errônea a colocação de “trocar o carro pela bike”. As pessoas devem buscar a melhor combinação de transporte para a sua necessidade. A minha combinação de uso mais frequente é bike (própria e compartilhada), táxis e metrôs. Claro que a bike é a mais divertida e prazeirosa, mas em muito casos não é a ideal. Acho que o primeiro movimento de mudança é testar outras opções e tentar sair da inércia do carro e do mimimi.”

Ricardo Santos

“Eu sempre adorei bicicleta. Nunca tive carro e há dois anos deixei a moto pra ter apenas bicicleta. Moro no centro de São Paulo e ando grandes distancias, só vou de ônibus se estiver chovendo mesmo ou se a distância for maior que uns 20km. É prático e estou sempre observando coisas novas que eu não conhecia na cidade: ruas, praças, pessoas, estou sempre em movimento. A maior dificuldade pra mim é que os estacionamentos de rua não aceitam bike, mesmo que a gente pague. E não dá pra usar ela como meio de transporte se não pudermos parar em local seguro. Gosto das ciclofaixas mas os motorista precisam compreender que não é nossa obrigação andar apenas nelas, muitos trajetos não possuem a ciclofaixa e eu confesso que já me acostumei com os gritos e xingamentos. Há mais agressividade do que perigo real nas ruas de São Paulo. O problema não é o trânsito, é o motorista imprudente e nervoso. Dica: Prefira ruas com mais de uma pista. Ande no meio da pista ou no corredor de motos, que não é oficial mas existe na maioria das ruas. Como o motorista está acostumado com esse corredor e tem medo que os motociclistas quebrem o carro se atropelar um, ele toma cuidado. Mas não conseguirá tomar cuidado dos dois lados ao mesmo tempo, por isso não recomendo que você use o lado direito da via. Se você andar no meio da pista os motoristas vão te xingar mas não vão te matar. Tenha atenção especial aos ônibus pois eles não respeitam mesmo, evite vias com faixa exclusiva e, principalmente, pedalar perto deles. E, pelo amor dos Deuses, não ande na contramão!”

– Sheylli Caleffi

“Há três semanas adquiri uma bicicleta para fugir do trânsito de SP. Normalmente a utilizo para ir e voltar do trabalho, de segunda à sexta, no trajeto Consolação-Vila olímpia. O meu carro, desde então, utilizo apenas sob 3 circunstâncias: trajetos de longa distância, quando não há ciclovia suficiente no caminho que preciso percorrer ou durante os fins de semana. Apesar de utilizar a bike com frequência há pouco tempo, já sinto melhorias em alguns pontos na minha vida: humor – estou mais ameno e tranquilo; agilidade – levo menos tempo do que de carro para ir aos lugares; economia – os custos de manutenção de uma bike são infinitamente menores do que gasolina e estacionamento. A cidade é imensa e realmente é difícil pensar em mobilidade urbana em São Paulo se não pensarmos em transportes ecológicos, como a bike. Quando as pessoas me perguntam se elas deveriam aderir à estilo de vida, respondo que sim (definitivamente!). Porém, gosto sempre de alertar para que todos tenham muito cuidado e utilizem os equipamentos apropriados, pois como trata-se de um sistema em implantação, muitos trechos não possuem cobertura suficiente, além de que muitas ciclovias ainda se encontram em obras. Outro dia mesmo, por falta de sinalização, sofri um pequeno acidente na ciclovia Faria Lima. Um dos quarteirões estava em obras e mal sinalizado. Quando fui entrar na ciclovia em alta velocidade, minha bike afundou no cimento fresco. Sorte que a queda foi amortecida!”

Rodrigo Lobato

“Eu sou mais uma péssima motorista na cidade. Não gosto de dirigir e, embora tenha carteira de habilitação, nunca tive meu carro. Quando me mudei para o centro da cidade, meu ex-marido tinha carro. A gente tentou, mas com o tempo fui vendo que era inviável usar carro durante a semana. Em 2010, com o casamento, ele vendeu o carro e passamos a utilizar apenas o transporte público. Em 2011 eu voltei a praticar atividade física, pois estava com sobrepeso, quase obesa… E foi aí que eu redescobri a bike. Passei a utilizar as bikes compartilhadas até que decido comprar a minha, em 2012. Em 2013 comecei a pedalar com mais frequência. Primeiro usava bike+metrô, aos finais de semana. Depois fui tentando vencer as ladeiras. Ainda não tinha a ciclofaixa da Liberdade/vergueiro, então eu subia entre os carros, para ir ao dentista ou até o ibira. Muita gente achava que eu estava me arriscando, mas eu sempre fui muito cautelosa e respeito as regras de trânsito. Descobri que sou ótima ciclista: respeito pedestres, não ando na contra mão, nem na calçada. Passei por alguns sufocos, carros avançando em cima de mim, na maldade, mas não desanimei. Sou da paz, e acho que é possível ensinar o respeito mútuo no trânsito. Em 2013 viajei para a Colômbia e conheci a cidade de Bogotá de bicicleta. Então pensei em um projeto para São Paulo: nascia daí a ideia do Selim Cultural, projeto da qual sou gestora e que une bicicleta+cultura, levando as pessoas a conhecerem espaços e a história da cidade utilizando a bicicleta como modal para deslocamento, exclusivamente pelas ciclofaixas e ciclovias da cidade. O projeto já fez alguns passeios e adesão está sendo ótima! Estamos participando do Vai Tec (edital da prefeitura) para conseguir alguma verba e poder comprar bicicletas para que mais gente possa participar, pois muita gente quer pedalar mas ainda não tem bike. Nós também ensinamos noções de segurança e de comportamento no trânsito. Isso é importante, pois muita gente acha que ciclista e motorista são seres distintos, e não verdade todos são a mesma coisa: pedestres. É um trabalho de formiguinha, mas me dá muito prazer e orgulho ver que realmente estou empoderando pessoas para que eles possam pedalar pela cidade e mudar o pensamento sobre a relação das pessoas com o trânsito. Com o avanço do projeto e o aumento da malha passei a fazer mais percursos de bike. Mas faltava o trabalho: sou professora universitária e dou aula a noite em um prédio na Av Paulista. Mas não me sentia à vontade de pedalar ali a noite. Em agosto deste ano vou poder ir para o trabalho de bike. Estou muito feliz com isso, realmente feliz! Eu tenho uma MTB que vai bem na cidade e nas trilhas que faço. Mas o que eu mais curto mesmo de pedalar é ver a cidade em outra velocidade, a da bicicleta, que deixa tudo mais suave, mesmo quando passo entre os carros no congestionamento. Eu acredito que alguém ali, me vendo, se sinta capaz de largar o motor e passar a pedalar.”

Aline Os

“Eu sou um dinossauro da bike. Pedalo pelas ruas da cidade regularmente desde 1992. Contrariando o rebanho, não quis ter carro próprio (nem moto, que meu pai adorava) quando era adolescente. Fui tirar a habilitação há apenas alguns anos, para dirigir o carro de minha esposa quando necessário. Sou um condutor responsável e sem multas. Entusiasta de mountain bike de segunda geração (no começo dos anos 90 as trilhas de Mairiporã fervilhavam), sempre andei no trânsito com as mesmas bicicletas que usava para me aventurar no mato. Há seis anos moro nas imediações da Av. Paulista e a uso como eixo de minhas andanças pela cidade toda – do Tatuapé a Santo Amaro, do Butantã ao Ipiranga, da Lapa à Berrini, de Santana a Jabaquara. Vi a criação das ciclovias como uma validação, uma legitimação sólida e concreta das minhas escolhas. Devo ser antiquado, pois faço amigos puxando papo com outros ciclistas no meio dos trajetos e cumprimento estranhos ao cruzar com eles, mesmo quando alguns se fazem de “motoristas” e não retribuem. A educação geral piorou com o ingresso de uma nova população sobre pedais, levando à perda de uma certa sensação de comunidade que nos integrava. Uso a bike para transporte e treino, rodando entre 65 e 250km semanais. Não tenho registro recente de incidentes no trânsito. Isso ocorre mais por conta de minha cautela, experiência, escolha de rotas adequadas e observância às regras. Sou responsável por estar seguro e vice-versa. Não é por evolução comportamental dos motoristas, pois na média essa não ocorreu; todas as melhorias de sua parte foram obtidas por imposição de multas e não por tomada de consciência pelos condutores. Certas classes de veículos são tão propensas a fazer besteira na rua que não me aproximo deles preventivamente. Os piores motoristas, a quem nunca posso dar nenhuma confiança, são veículos de empresas, taxistas e SUVs de modelos importados caros. Todavia, exemplos diários de condução com gentileza e humanidade aparecem também, e na maioria das vezes vêm dos motoristas de ônibus, a única categoria com visível melhora de conduta na última meia década. A rede cicloviária está sendo criada de maneira a desviar os ciclistas da batalha por espaço nas vias principais. Além disso, leva em conta a topografia, evitando subidas muito inclinadas. Por isso, uma pessoa que pegue uma bike emprestada ou com pouca experiência pode confiar nas ciclofaixas. Já deu para perceber que me preocupo bastante com o comportamento das pessoas na rua. Com o inevitável aumento de usuários das ciclovias e ciclofaixas, prevejo a necessidade de novas campanhas educativas para os ciclistas e também para os pedestres. Por exemplo, antevejo atritos pela tentativa de invasão de corredores a pé na ciclovia da Paulista. Mas o respeito dos ciclistas aos semáforos tem sido bem maior do que eu esperava. É importante, pois muito da raiva e preconceito que alguns motoristas têm contra nós é alimentado pela atitude arrogante de uma minoria dos ciclistas nos cruzamentos.”

Mario Vázquez Amaya

Minha decisão por não utilizar mais o carro aconteceu há 06 anos, demorava muito no trajeto entre casa, trabalho, pós-graduação e casa. Porém resolvi e felizmente pude morar próximo do local de trabalho e estudo. Logo depois pensei em investir em uma bicicleta, porém inicialmente como lazer, uma vez que ainda tinha receio muito grande de andar no meio do trânsito. Porém, resolvi que iria me adaptar aos poucos, andando nos finais de semana e depois em alguns dias da semana. Essa foi uma maneira que me trouxe mais segurança para conhecer os caminhos e entender quais ruas seriam mais tranquilas para pedalar, mesmo que fosse adicionar alguns quilômetros a mais no caminho.

Como para meu dia a dia uma bicicleta dobrável se encaixava melhor, após usar no trajeto de casa para o trabalho, também comecei a usar durante o horário de trabalho, para reuniões e visitas aos clientes. Pelo seu tamanho, também posso fazer a transição entre metrô, trem e táxi com mais facilidade, além de poder entrar em todos os lugares com ela, não tendo a necessidade de deixa-la amarrada em qualquer lugar.

Com isso, ganho muita agilidade, não perco horário – não tenho mais a desculpa do trânsito, ganho muito mais disposição e também, você repara mais na cidade e nas pessoas em sua volta, coincidentemente fiquei menos gripado. Claro que ter um chuveiro no trabalho facilita o dia a dia, mas existem alternativas bem legais para quem não o tem, como bikes cafés e também lenços e toalhas. 😉

As ciclofaixas, inclusive a da Paulista, me ajudou muito, pois consigo ter mais segurança e diminuiu o meu tempo entre os locais, que hoje é entre Saúde e Consolação (25 minutos), além disso, fica muito claro para o motorista e cliclista a divisão das vias, o que mesmo de forma inconsciente evite pequenos e grandes acidentes. Onde não tem ciclofaixa as vezes é inevitável que tenha algum ocorrido, porém sempre tenho cuidado e sinalizo com farol, buzinha e um colete, mas melhor mesmo é pedalar com prudência sempre.

Acho a bicicleta uma ótima alternativa e indico com ressalvas para outras pessoas, ou seja, que vejam qual a bike atende melhor, treinar nos finais de semana, revisitar as regras de trânsito, conhecer as regras de sinalização com os braços, usar itens de segurança (lanternas para a noite ou dias nublados). Enfim, não é sair pedalando por ai, mais sim ter paciência e ir ao poucos, quem sabe até pedir uma ajuda ao Bike Anjo. 😉

Antonio Mafra

Para finalizar, confira uma pequena entrevista que fizemos com a Renata Santiago, criadora do blog #biCHICleta:

O início da história

Verdade, de verdade eu abandonei o taxi. Desde que quando cheguei em São Paulo, em 2009, optei pelo transporte público e pelo taxi. Até pensei em comprar um carro. Mas depois que coloquei os custos no papel eu vi que não havia vantagem alguma.

O estopim

No final de 2013, o sucesso na carreira profissional cobrou seu preço. Após duas súbitas promoções, coordenadora para gerente, gerente para diretora, a rotina estressante pesou. Foi ai que tomei vergonha na cara e fui procurar alternativas de vida diferentes: mudei a alimentação, comecei a fazer pilates e a inserir a bicicleta como meio de transporte.

A reação das pessoas

Imagine você: eu, uma das diretoras, chegando de capacete e alforge na agência. Ou de scarpin e capacete no cliente. Os comentários eram os mais impressionados possível. Primeiro porque o brasileiro ainda acha que o carro é o símbolo do sucesso. Segundo porque ainda se impressionam com mulheres no pedal urbano. E, terceiro, aquele misto de orgulho e do “meulllllldeuzzzz, ela é louca”, com o fatídico comentário: “você é corajosa, hein!”.

O que mudou?

TUDO! Sou infinitamente mais saudável. Eu não sei o que é ficar gripada, ter qualquer alergia ou qualquer doença daquelas que o médico adora dizer que é virose. E que no fundo é você que tá tão estressado que é só o seu corpo pedindo para parar um pouco. Portanto, o primeiro grande benefício é a saúde. O segundo benefício que, sem dúvida, ajuda na saúde, é que a bike é uma válvula de descompressão. Pra mim, a magrela é a melhor terapia de todas. O terceiro é a independência que a bicicleta me dá como meio de transporte. Ir e vir é muito mais fácil, prático e prazeroso. Eu sei exatamente a que horas vou chegar nos lugares. O quarto é estético. Hoje sou 10kg mais magra aos 37 anos, com corpinho de 20. [risos]. E o quinto. Ah! O vento no rosto durante o pedal é um afago na alma, na cabeça e no coração.

Ciclovia

Quando se inicia o pedal, a ciclovia dá uma sensação de segurança. Isso é muito importante. Contribui para que o iniciante não desista e que tenha um canto seguro para ir amadurecendo sua pedalada e conhecimento dos trajetos. E quando falamos de bike, como sistema de transporte, tem suas especificidades. Da mesma forma, carros, caminhões, etc. Ciclovias e vias compartilhadas trazem mais fluidez às cidades. De certo mais segurança e deixam a cidade mais leve e mais sociável.

Maior dificuldade

A sensação de insegurança que vem com o desrespeito e com alta veneração ao próprio umbigo é uma merda. Sem dúvida. Eu pedalo o mundo inteiro. Eu faço 90km fora do Brasil numa estrada e não me cansa tanto quanto 5km em São Paulo. E tudo devido a tensão na pedalada, vez ou outra. Tá certo que a gente aprende a abduzir essa sensação e curtir o momento. Mas isso é chato. E os demais pontos eu coloquei nesse post (clique aqui).

Se eu recomendo? Por favor, pedalem e sejam mais felizes! =D

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