Por favor, pare tudo e vá assistir a TRUE DETECTIVE

Por favor, leve esse título a sério. Mesmo 🙂

Ontem comecei a assistir a ~badalada~ série True Detective, que estreou em Janeiro, no HBO. Com o Netflix, tenho tentado terminar temporadas específicas de séries que gosto muito e, por agora, tenho assistido bastante a House of Cards, com tudo indicando que eu finalizaria as duas temporadas em pouco tempo, visto a qualidade dos episódios e, claro, Kevin Spacey que, por si só, vale por toda a série.

Tudo ia bem. Mas aí veio True Detective. Tenho ouvido muita gente falar dessa série desde o início de fevereiro. E as opiniões são as mais variadas possíveis. Gente comparando a qualidade de True Detective com Breaking Bad, o próprio House of Cards, gente afirmando que não passa de mais uma série overrated que virou modinha e por aí vai.

Em meio a tudo isso, eu não podia deixar de conferir pelo menos o 1º episódio, para saber exatamente o que tem gerado esse enorme buzz em torno da série. Resultado? Descobri que agora vou ter que arrumar tempo pra dividir minhas atenções entre House of Cards e True Detective. O grande lance é que a nova série da HBO me pegou de um jeito que eu jamais imaginava.

Eu nunca fui lá muito fã de séries baseadas em investigação. E era assim que eu enxergava True Detective antes de assistir, já que o nome acaba gerando essa impressão logo de cara. Mesmo assim, resolvi dar uma chance. E aí levou pouco tempo pra eu perceber que estava diante de algo diferente, com toques sobrenaturais, temas filosóficos, muito esmero cinematográfico, algo do nível de Breaking Bad, House of Cards.

Pelo menos é o que me pareceu após o fim do primeiro episódio, com 60 minutos de duração. Esse mesmo episódio, no IMDB, tem a nota mais baixa de todos os 6 episódios exibidos até agora: 9.0. Imagino como devem ser os próximos, que possuem notas ainda mais elevadas.

True Detective é estrelada por dois atores que eu – e grande parte do planeta – admiro muito: Matthew McConaughey (talvez no melhor papel de sua carreira – é sério, o que ele faz aqui é surreal, tamanho o nível de “possessão” dedicado ao personagem) e Woody Harrelson (em um personagem perfeito na contraposição a McConaughey). Eles praticamente carregam a série nas costas durante os 60 minutos de exibição.

A trama, sem spoilers, trata de um assassinato de uma mulher através de um ritual satânico. Os dois detetives são contratados para resolver o caso e é aí que tudo comoeça a se distanciar de outras produções focadas somente na investigação.

A produção da HBO vai muito além, focando no personagem de McConaughey (o detetive Rust Cohle), que possui uma visão um tanto pessimista com relação ao mundo. Ele perdeu uma filha e é divorciado e, frequentemente, parece dopado, longe da realidade, quase um zumbi. Seu parceiro, Harrelson (o detetive Martin Hart), faz contraponto a sua visão. É um cara de família.

A série brinca com períodos de tempo diferentes, já que toda investigação do crime se dá em 1995 e ocasionalmente, há uma narrativa dos dois detetives já mais velhos, em meados de 2012 se não me falha a memória, contando detalhes relacionados ao crime e a rotina de investigação dos dois no ano de 1995, as crises que enfrentavam por conta das personalidades diferentes, acontecimentos e etc.

Cohle parece, a primeira vista, um cara infeliz. Pacato. Descontente com o mundo. Ele pouco fala, mas quando o faz, acaba tornando-se indesejável, desagradável. É uma companhia um tanto “amarga”. Mas, dependendo do seu ponto de vista, talvez você encare Cohle como um cara realista. Tudo depende das suas crenças, já que ele também não é cristão. E como Hart é um cara de família, ele custa a entender o ponto de vista de Cohle com relação ao mundo, mas aceita a convivência com o parceiro pelo simples fato de Cohle ser inteligente. Ele é um ótimo detetive.

True Detective me fez lembrar, mesmo que de maneira um pouco distante, Twin Peaks, de David Lynch, exibida entre 1990 e 1991. Na série da HBO, a porção sobrenatural é muito mais psicológica se formos comparar com a dose de Twin Peaks. Mas, a trilha sonora, o vilarejo, a população alienada, o clima de desolação e a própria natureza do crime que está sendo investigado, me levaram a essa referência.

A HBO já anunciou que a próxima temporada terá foco em dois atores diferentes, o que é uma pena. Mas, isso também pode ser interessante, já que o crime dessa 1ª temporada deverá ser solucionado no 8º episódio. Se assim for, True Detective poderá se aproximar de um estilo de série próximo a American Horror Story, que apresenta uma história completamente diferente por temporada, não com atores diferentes, mas com atores em papéis diferentes, o que é ainda mais interessante.

Vale deixar claro que estou falando tudo isso baseado apenas no 1º episódio que assisti ontem. É possível que eu não me interesse pela série ao longo da temporada, mas acho muito difícil, dado o comentário das pessoas que já assistiram até o 6º episódio e pelas notas individuais de cada um deles, que só aumentam.

Essa 1ª temporada está com nota 9.5 no IMDB, que talvez seja o maior banco de dados mundial ligado ao cinema, o que é um grande feito. Para se ter uma ideia, House of Cards está com nota 9.0 e, Breaking Bad, com 9.6. Não que notas representem exatamente a qualidade de uma produção, mas certamente nos dão um norte com relação ao que esperar de uma série ou filme.

De qualquer maneira, essa foi apenas a minha opinião. Eu espero, sinceramente, que esse texto possa influenciar você a também fazer parte do universo de True Detective e depois voltar aqui pra compartilhar as suas opiniões. Se você está ocupado com outras séries, de uma pausa e assista, pelo menos, ao 1º episódio. Mesmo que não goste da história proposta, tenho certeza que você vai ficar impressionado com o trabalho de Matthew McConaughey.

Terá valido a pena de qualquer forma. Aí você vai entender um pouco sobre o porque de eu ter escrito esse texto 🙂

Ps.: Para quem não assiste mais a séries em horários marcados conforme programação da HBO (como eu), é possível assistir True Detective através do NOW, serviço da NET. Todos os episódios são disponibilizados por lá logo após a transmissão da HBO.

Rodrigo Cunha

Publicitário, geek, louco por cinema, música, games, livros e boas idéias nas horas vagas e não vagas. Tem medo de fazer compras em NY e beber num PUB de Londres e nunca mais voltar.

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  • Comecei ontem e gostei muito do ep 1. Vou acompanhar toda a série, pois é bem diferente das inúmeras séries de investigação policial.

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Rodrigo Cunha