O Exercício do Não Julgamento

O exercício do Não Julgamento

Estamos acostumados a apontar características das outras pessoas. Quando pensamos em algum conhecido, logo lembramos de seu nome e de todos os conteúdos que guardamos dele. Nós vamos além das características físicas e atribuímos, de nossa maneira, características psicológicas, comportamentais e de personalidade que nós mesmo pensamos que o outro possa ter, sem realmente sabermos se isto verdade. Neste pensamento, podemos gostar ou não de uma pessoa simplesmente levando em conta às características que nós mesmo atribuímos a elas. Se forem características positivas, as chances de gostarmos dessa pessoa são muito grandes, já se forem características negativas, ai a história é diferente.

Nesta linha de raciocínio, temos algumas reflexões para nos levar a tentar ao máximo, minimizar estas características que atribuímos ao outro, para que seja mais fácil entender o outro e colocar-se ao no lugar dele. Nosso objetivo portanto, é que o pensamento “fulano fez isso pois ele é assim” saia de nosso cotidiano, e deixemos de generalizar os acontecimentos e, principalmente, parar de ver o outro de uma forma superficial.

O que quero dizer pode parecer estranho, portanto leia com muita atenção. Nós julgamos o outro, seja de forma positiva ou negativa, de acordo com os conteúdos que nós temos dentro de nós. É como se víssemos refletido no outro nossas próprias características. Portanto nós vemos no outro somente aquilo que temos dentro de nós. Desta forma, você atribui características negativas suas para o outro e esta atribuição pode fazer com que uma possível amizade deixe de acontecer, ou até mesmo que uma amizade já existente chegue ao fim.

Afinal, ninguém quer estar próximo de alguém com aquela característica negativa. Mas você pode estar esquecendo que você também tem aquela características e que também já pode ter feito algo semelhante, fazendo com que outras pessoas atribuíssem a você (mesmo sem você saber) aquelas características negativas que você atribuiu ao outro.

Portanto, sempre quando você atribuir à alguém alguma característica negativa e sentir o desejo de se afastar desta pessoa, tente refletir se você, em algum momento, já não fez algo que possa fazer com que os outros pensem que você também tem estas características negativas. E se, realmente, aquela pessoa tem apenas esta característica. As vezes, algumas características positivas podem suprir as negativas.

O nosso julgamento é falho pois nós partimos apenas do que podemos observar, portanto, se alguém tiver um comportamento que não condiz com seus valores, você poderá julgar esta pessoa atribuindo características negativas à ela. O problema é que você julgou esta pessoa por apenas uma atitude negativa que ela teve e que você presenciou, sem que você levasse em consideração as outras atitudes positivas que esta pessoa tem, pois não as viu.

Vamos esclarecer. Por exemplo, se um dia uma pessoa passa por você… É uma pessoa que você conhece mas não tem intimidade, ou que você conversou apenas uma vez na vida… Você decide cumprimentá-la calorosamente com um sorriso estampando no rosto, afinal a conhece, e então essa pessoa passa por você e não retribui este cumprimento. Esta pequena ação já pode fazer com que você atribua características negativas para este alguém.

Talvez neste dia, em específico, que ela não te cumprimentou, ela estava com problemas pessoas, estava com pressa, não te reconheceu, etc. Isto não quer dizer que ela tenha as características que você atribuiu, que, nesse exemplo, pode ser de orgulho ou prepotência. Você estará julgando este alguém e isto pode fazer com que uma futura amizade seja impedida pelo simples fato de esta pessoa não ter retribuído o cumprimento seu, ou se comportando da forma que você acredita que ela deveria se comportar.

O exemplo foi apenas para simplificar, claro que é um pouco mais profundo que isto. Mas o importante então é que tenhamos em mente que não devemos julgar apenas pelos comportamentos que o outro têm, afinal, o comportamento é apenas um aspecto desta pessoa, devemos pensar que tudo tem um motivo e um objetivo e que nem sempre o outro estará disposto a nos agradar. O “não julgar” significa estar aberto tanto às coisas positivas que o outro fizer, quanto às negativas. Perceber que fazem parte apenas do momento e que este momento não define quem esta pessoa é.

Mas então, como deixar de julgar?

Não julgar de forma alguma é praticamente impossível, até mesmo porque nós já estamos acostumados a fazer isso e o fazemos de forma automática. O que podemos fazer, portanto, é sempre ter em mento que as características que atribuímos ao outro não são verdades absolutas, ou seja, não quer dizer que só porque eu penso que alguém é de um jeito, que ele realmente seja desse jeito. Assim como, não quer dizer que alguém se comportou de uma forma, que ele sempre se comportará assim.

Precisamos estar abertos às surpresas e nunca subestimar o outro. Isto serve tanto para as características positivas que atribuímos, quanto para as negativas. Estando aberto às novidades, e com o pensamento de que as pessoas não são somente o que nos dizem ou como agem, pensando que existe uma subjetividade nelas, que existem pensamentos profundos e questões que o outro não nos comunica, pode fazer com que não nos surpreendamos mais com o outro, pois saberemos que o outro é capaz de qualquer coisa. Não é porque eu acho que ele é uma boa pessoa, que ele sempre terá boas atitudes e vice-versa. A complexidade humana está muito além disto.

O pensamento de que você percebe o outro à sua maneira, não quer dizer que o outro é da maneira que você imagina, também te deixa livre de julgamentos cristalizados, “ele é assim e pronto”. Pense sempre que como você muda, o outro também mudará. Para finalizar, concentre sempre nos seus pensamentos sobre os outro e saiba que ele é muito mais do que aquilo que você pensa dele.

Leonardo544 Posts

É psicólogo e redator de conteúdos. Escreve, reflete e pesquisa sobre os mais variados temas. Não considera a escrita como trabalho, mas uma necessidade da alma.

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