Não namoro nunca mais!

Não namoro nunca mais!

É cada vez mais comum as pessoas dizerem que não namorarão nunca mais. Os motivos são diversos e vão desde “ninguém presta” a “quero curtir a vida”. Confesso que por muito tempo fui um desses. Mas por que toda essa repulsa por relacionamentos, por se apaixonar e pelo amor?

Vamos analisar os motivos, as causas e finalmente, os culpados.

A maior parte dos seres humanos (se não todos) gosta sim de ter alguém ao seu lado, de saber que é importante para outra pessoa e sentir-se feliz apenas por estar em um relacionamento.

Então por que ocorre todo esse asco? Porque praticamente todos nós já sofremos por amor.

Já fomos traídos, enganados e iludidos. Já gostamos de quem apenas nos usou para sexo, status, diversão ou brincadeira. Fomos maltratados por pessoas que amávamos e deixados de lado por festas, outras pessoas ou trabalho. Tudo isso é muito para conseguirmos suportar, então, consequentemente, criamos uma barreira de proteção contra a dor.

Dor causada por algumas más experiências. Então colocamos essa barreira enorme entre nós e os relacionamentos e vivemos em festas, bebedeiras, em uma vida promíscua e vazia ou nos acostumamos com a solidão e criamos muitos gatos (pra deixar claro, eu crio só uma fêmea, chamada Tequila).  Isso vem somado a uma falsa ilusão de que estamos bem, usando de frases de autoafirmação, dizendo que somos extremamente felizes, que “eu não namoro nunca mais” e que é muito melhor ficar solteiro.

Outros, como eu fazia, argumentam que preferem a liberdade de poder fazer o que quiser, de não precisar dar satisfação e nem ter cobranças, ciúmes e brigas. Realmente, estando solteiros não temos nada disso, mas também não temos aquele sentimento de felicidade que ocorre apenas ao lembrar que temos alguém, por receber uma mensagem de texto dando bom dia ou boa noite ou apenas ao ver uma pessoa sorrindo ao te encontrar. Também não temos o companheirismo, planos futuros e nem damos o melhor de nós mesmos.

Estamos “muito bem” sozinhos, mas acabamos conhecendo alguém que parece ser diferente e resolvemos arriscar. Então, o que geralmente acontece depois de um tempo? O namoro acaba e nos machucamos novamente. “AGORA SIM QUE NÃO NAMORO NUNCA MAIS!”, dizemos.

No entanto, o que ninguém entende é que esse namoro não deu certo, em grande parte, por sua culpa. Isso mesmo, SUA culpa. Como assim? Com as feridas dos relacionamentos passados, tornamo-nos mais frios, deixamos de nos dedicar ao novo relacionamento com medo de que aconteça tudo novamente – que você se fira, sofra e se iluda. No entanto, você está fazendo com que uma pessoa nova pague pelos erros dos seus relacionamentos fracassados anteriormente e por tudo que seu/sua ex cometeu. Isso é algo inteligente a se fazer? Ao entrar em um relacionamento já com proteções e “autoboicotando” a nova relação, quais as chances dele dar certo? Provavelmente VOCÊ será uma frustração para a nova pessoa e a contaminará com esse sentimento anti-namoro.

Outro ponto

Estando solteiro (a), você faz dieta, entra na academia, “pinta seu cabelo, malha, malha e se valoriza”. Na fase da conquista, você se veste para a pessoa, arruma-se, usa o perfume que ela gosta. Namorando, passa a se descuidar, deixar as coisas pra lá. Sai com a pessoa vestida de qualquer maneira, engorda e para com a preocupação com a sua aparência. Ora, todo mundo quer um namorado(a) bonito, arrumado e que seja ao menos próximo da maneira que era quando o conheceu. Solteiro você se cuida e quando encontra alguém especial, não? Qual o sentido disso? Não é agora que deveria se cuidar ainda mais?

O mesmo vale para a parte de se dedicar. Solteiro, você dá um jeito de sair na 5ª feira a noite para uma festa top, mesmo que fique ferrada o outro dia inteiro. Namorando, se o aniversário de namoro ou alguma data especial cai numa 4ª, diz logo “vamos deixar pra comemorar no fim de semana, que temos mais tempo e aí não vou trabalhar cansada no dia seguinte”.

Solteira, paga R$250 num show e gasta mais R$100 em bebida. Namorando, não quer viajar no fim de semana porque precisa economizar.

Namora, mas continua flertando com outros (as), quando alguém com boa aparência passa, fica olhando. Enche a cara, tem comportamentos de solteiro e quer que o parceiro fique feliz.

Ou seja, na maioria dos casos, você não se dedicou ao relacionamento e depois joga a culpa no coitado que foi corajoso o suficiente de encarar uma pessoa traumatizada por relacionamentos.

Mais um fator primordial para o fracasso dos relacionamentos atuais é a competição gigantesca e simplesmente patética existente entre homens e mulheres. Um quer provar que é melhor e que não precisa do outro. Em redes sociais, é o que mais vemos. No dia dos homens, são mulheres falando mal de todos nós. No dia da mentira, mulheres nos parabenizando. No dia das mulheres, homens postando fotos de cozinha ou materiais de limpeza (ok, isso é engraçado haha). Mas o fato é que essa competição não deveria existir. Os homens precisam das mulheres tanto quanto as mulheres precisam dos homens. Não se deve ficar querendo ser mais poderoso que o outro sexo e provar que não está nem aí para ele. E isso infelizmente afeta também os relacionamentos. É a namorada causando ciúme no namorado, o namorado brigando porque ela tem amigos, ela chorando em casa com o telefone na mão, mas não ligando para ele para ficarem bem, pois prefere ser orgulhosa. Pra que tudo isso? É uma briga sem vencedores.

O casal acaba, os dois vão pra balada e ficam logo com outras pessoas para “se vingar”. Sinceramente, as pessoas estão evoluindo intelectualmente, mas “emburrecendo” no lado sentimental. Se existe uma competição entre namorados, deveria ser para quem consegue fazer o outro mais feliz. Deveríamos justificar uma surpresa ou presente para o outro por algo que essa pessoa te fez primeiro e não ficar sem atender quando uma parte quer pedir desculpas e se acertar porque o ele foi grosseiro anteriormente ou sair porque o outro saiu. Chega dessa competição infantil. Se você entra em um relacionamento, que seja para ser o (a) melhor namorado (a) do mundo e não a pessoa mais indiferente e controladora.

O que temos é um conjunto de pessoas que agem como cafajestes (homens e mulheres) e são péssimos namorados, reclamando que ninguém presta. E realmente quase ninguém presta, começando por você – e a maioria de nós –  que, ao ler esse texto, encontrou familiaridades. Alguns jogam a culpa nos outros, quando os maiores errados são eles mesmos.Também, ninguém mais sabe conversar sobre problemas.Ninguém sabe ouvir o outro. Quando algo te incomoda é mais fácil gritar, brigar e desligar na cara que falar como se sente com certa atitude. E quando você conversa, ainda corre o risco da pessoa dizer que você está fazendo drama. Sem conversa, como há de existir solução?

Vamos parar culpar outras pessoas pelas nossas próprias frustrações. Parar de estragar nossos novos relacionamentos ou fazer novas pessoas pagarem pelos erros dos cafajestes do passado. Vamos nos purificar, virarmos pessoas que se amam (mas se amam de verdade, não aquele falso “eu adoro a minha vida” postado em redes sociais quando se sente só), mas pessoas que admitem seus erros e evoluem a partir deles. Que olham primeiramente para si mesmos e tentam corrigir-se antes de jogar seus problemas em cima de outra pessoa e a responsabilizando quando a relação não deu certo.

Lembre-se: “Purifica o teu coração antes de permitires que o amor entre nele, pois até o mel mais doce azeda num recipiente sujo” – Pitágoras.

Antes de dizer que ninguém presta, passe a prestar. “Preste” deixando de lado todos seus medos e frustrações. Dedicando-se a um novo relacionamento de corpo e alma, como se fosse o primeiro. Seja feliz! Aí será mais fácil encontrar outra pessoa que “presta”.

Alexandre Chollet112 Posts

Blogueiro, escritor, e consultor comportamental. Escreve sobre relacionamentos e comportamento humano e dá treinamentos para pessoas que desejam melhorar sua vida, seja no aspecto pessoal, profissional ou de relacionamentos.

5 Comentários

  • Murillo Reply

    16 de março de 2015 at 17:25

    Quanto mais eu lia, mais bruxaria parecia. Fiquei impressionado com quantas semelhanças e verdades encontrei nesse texto e minha vida. Realmente hoje em dia é difícil de ter um relacionamento por conta de alguns conceitos que já são pré-estabelecidos equivocadamente sem sequer iniciar o relacionamento. Todos querem nadar, mas ninguém quer mergulhar de cabeça e ir até o fundo. Ótima matéria!

  • desiludida! Reply

    30 de abril de 2017 at 15:11

    Eu sinceramente cansei de verdade de relacionamentos, tentei ao maximo me dedicar ao meu namorado, agrada lo e etc… Ser diferente das outras q ele ja teve. Mas ele me fere muito com as atitudes dele e ainda quer estar certo. No mundo de hoje nao da pra se relacionar com.ninguem

  • pacman Reply

    7 de setembro de 2017 at 19:00

    Esse texto tem algumas verdades mas, na questao de relacionamento obu raco é mais embaixo! Desde que terminei com minha noiva estou ganhando mais, estudando e progredindo na carreira. Mesmo qdo estava com ela nao descuidava dea cademia nem aparencia, e ainda assim ela me machucava! Dei um pé com gosto! Agora só como e vazo! Hj em dia nao compensa ter mais nd com ngm. Case se com vc mesmo, seu sucesso! O resto vem de brinde!

  • Lucielma dos santos Reply

    5 de outubro de 2017 at 23:30

    Gostei muito do texto. A realidade dos relacionamentos. Eu penso dessa forma. Mas minha última relação foi um fiasco. Término por causa de nada. Pelo menos para mim foi nada. Você cuida, zela, quer estar junto, se preocupa e o que ganha em troca??? Um belo chute.

  • Marcos Reply

    25 de julho de 2023 at 23:33

    Depois que eu li esse artigo, acabei de crer que eu realmente sou o culpado pelo término de meu relacionamento.
    Por causa de um relacionamento frustrado que durou 7 anos, acabei colocando uma barreira em minha vida e isso acabou afastando a minha ultima namorada.
    Depois deste artigo, fiquei até com vontade de ligar para ela e pedir desculpas por toda dor que eu causei a ela.

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